domingo, 9 de agosto de 2009
ENERGIA POSITIVA :: coluna ESTAR BEM
por Manu Scarpa
Antes de você folhear esta revista, ela passou por várias etapas de produção. Fotógrafos, redatores e outros profissionais uniram suas habilidades para levar até o leitor o conteúdo mais completo possível. Mas para o fotógrafo produzir suas imagens ele necessita de baterias para carregar seu equipamento fotográfico. O redator precisou de um computador para escrever e enviar o texto para o editor, que por sua vez reuniu todo esse material e encaminhou para a gráfica imprimir. Em todos os passos desse processo existe algo em comum: a energia elétrica empregada. Grande parte das nossas atividades envolve a necessidade de utilizar energia elétrica, direta ou indiretamente. E ela esteve sempre ali, ao nosso alcance quando precisamos.
Mas esse quadro de certezas em relação a energia elétrica disponível começou a mudar na cabeça dos brasileiros a partir de 2001, quando o país enfrentou o racionamento de energia. Isso aconteceu porque a geração de eletricidade não acompanhou o crescimento do consumo. Como toda crise é também um momento para pensar novos caminhos, este foi também um momento de repensar novas alternativas de gerar energia.
Durante muito tempo o ser humano dependeu dos recursos fósseis para obter energia. Um bom exemplo é o petróleo, que alimenta motores e geradores. Apesar de suprir as atividades humanas até os dias hoje, especialistas acreditam que esse recurso deve durar no máximo mais cem anos. É uma verdadeira corrida contra o tempo para adequar nosso estilo de vida a uma realidade que antes parecia tão distante.
Pensando em informar os catarinenses sobre outras formas de geração de energia, a RIC Record, sob direção de Antônio Barbosa, exibiu aos sábados nos meses de junho e julho a série Fontes de Energia Renovável – que este ano produziu sua segunda temporada. Cada semana o telespectador conheceu uma fonte de energia diferente, com enfoque tecnológico e ambiental.
Tive a oportunidade de trabalhar como roteirista e jornalista responsável deste projeto, que nos levou a viajar pelo estado de Santa Catarina e conhecer de perto quem trabalha para implantar estas alternativas. Nossa equipe foi até Itapiranga, cidade do extremo oeste catarinense que faz divisa com a Argentina, para entender melhor sobre a geração de energia através da decomposição dos dejetos de suínos, o biogás. Viajamos até Tubarão, sul do estado, para aprender e divulgar o belo trabalho de aquecedor solar feito a partir de garrafas PET e caixinhas de leite longa vida. Fomos nem tão longe, na Universidade Federal (UFSC), conversar com especialistas para esclarecer e coletar dados atualizados.
Biomassa, biocombustível, biogás, energia eólica, energia solar. Você provavelmente deve conhecer alguns desses termos e cada vez eles serão mais comuns, pois são fontes alternativas de energia. Mas muito além da eletricidade, existe antes a preocupação em cuidar do meio ambiente. Cada uma delas busca na própria natureza os recursos renováveis necessários, sem agredir o meio que os fornece.
RESUMO DOS PROGRAMAS
Biogás
Energia Eólica
Energia Solar
Programa Fontes de Energia Renovável
Realização: RIC Record
Direção geral: Antônio Barbosa
terça-feira, 16 de junho de 2009
"Descendo a Ladeira" inicia filmagens em 2009
O projeto do filme "Descendo a Ladeira" carimbou o passaporte pelo Hawaii na última temporada. Protagonista do filme, o big rider catarinense Dê da Barra desembarcou em Florianópolis no início de março e trouxe na bagagem fotos, fatos e vídeos em mais um inverno havaiano. O primeiro foi em 1998 e se estendeu por cinco meses. Hoje já são oito viagens para o meio do Pacífico em busca da superação de limites. Para praticar sua especialidade, o tow in, Dê conta com uma base no North Shore, onde mora seu parceiro da modalidade, César Oliveira.
Diferente do surf comum de pranchinha, no tow in, as alegrias e responsabilidades são divididas. Como, por exemplo, no momento de um resgate em que é preciso agir rápido antes que a próxima onda coloque seu parceiro em uma situação difícil.
O roteiro do filme prevê uma biografia do atleta a partir de registros em foto e vídeo da sua carreira no mar, adicionando imagens inéditas que serão filmadas ao longo do ano em diversos picos pelo mundo. O primeiro riscado da lista foi a costa norte da ilha de Oahu. Bem em frente ao local onde estava hospedado em Velzland, uma bancada fez a cabeça diversas vezes. Com grande potencial, Phantos suporta ondas de até 40 pés. Esse ano o tamanho máximo nesse pico ocilou entre 15 e 20 pés. 'Foram vários momentos marcantes em outras bancadas como Off the Wall, Backdoor, Pipeline, que são ondas bem próximas da praia. São bons lugares para produzir material de mídia. Off the Wall era a opção com menos crowd e onde os brasileiros se encontravam", relembra.
Há algum tempo, Dê e sua equipe contam com a amizade e o profissionalismo do fotógrafo e videomaker Bruno Lemos, que mora no Hawaii. Ele acompanha todo o esforço e por isso sempre se disponibiliza para registrar os melhores momentos, na praia, dentro d'água ou no jetski em alto mar. Bruno filmou e cedeu as imagens do videoclipe desta matéria, que também traz entrevistas com a galera de tow in reunida na ilha havaiana.
Quem surfa rebocado não surfa sozinho. Eles então, surfam em parceria. Para reforçar os treinos, Dê e sua dupla trabalharam em equipe com outros dois grandes nomes do tow in no Brasil e no mundo: os brasileiros Rodrigo Resende e Danilo Couto, sempre representando nas competições internacionais. "Há um tempo decidimos treinar em parceria porque facilita o nosso trabalho e porque muitas vezes estamos em alto mar, onde tudo pode acontecer. Como, por exemplo, nessa temporada quando a galera do tow in estava surfando na bancada de Phantos e o Carlos Burle desligou o jetski em um momento crucial e despencou do lip enquanto a Maya Gabeira estava fazendo a curva cavando na onda. Nossa equipe estava atenta e realizamos o resgate deles".
Para dar continuidade ao filme, a idéia inicial é uma viagem para surfar a Pororoca. Em junho, o plano é uma trip para América do Sul, provavelmente Chile ou Peru. Se possível, uma passada pelo Tahiti também está no roteiro. "Estou de olho no circuito Brasileiro de Tow in, com etapas no Rio de Janeiro, São Paulo e possivelmente em Santa Catarina. O César Oliveira, que mora no Hawaii com a família, em breve estará no Brasil para aguardar uma boa condição para o evento. Enquanto isso, estou reunindo imagens e buscando patrocínio".
ASSISTA O VÍDEO
site waves.com.br, junho 2009
texto Manu Scarpa
fotos Bruno Lemos
edição de imagens Manu Scarpa
domingo, 7 de junho de 2009
Coleta Seletiva, floripa
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Água virtual
Um estudo concluído em 1993 pelo cientista e professor John Anthony Allan modificou a forma de encarar o consumo de água no mundo. John descobriu a fórmula matemática que calcula a quantidade de água utilizada para produzir qualquer alimento ou produto. Cada quilo de carne de boi, por exemplo, necessita de 15 mil litros desse precioso líquido para chegar até o consumidor final - considerando transporte, comércio, entre outras etapas do processo; para fabricar um litro de cerveja, lá se vão oito litros de água; e cada quilo de jeans utiliza em torno de 10 mil litros.
Com a descoberta, John Anthony recebeu o Stockholm Water Prize 2008, promovido anualmente pelo Instituto Internacional da Água de Estocolmo. Com a preocupação de que a escassez de água tem como consequência a escassez de alimentos em todo o planeta, o instituto visa ordenar o uso da água em um futuro próximo. Outra conclusão importante do estudo é que países como Brasil, Argentina e Estados Unidos exportam milhões de litros de água, enquanto Japão, Itália e Egito importam o que John chamou de "água virtual".
Mas a expressão "água virtual" (também chamada como "água embutida" ou "incorporada") já é conhecida, surgiu na década de 70 nos Estados Unidos. Do latim, virtual ou virtualis ou ainda virtus, que significa virtude, potência e força. O mercado internacional de água virtual implica na movimentação de 15% de toda a água usada no mundo. Este consumo antes despercebido, agora é contabilizado. Por detrás daquela saborosa xícara de café, 140 mil litros de água foram consumida para cultivar, produzir, empacotar e distribuir o produto final. Para ter uma breve idéia, um cidadão norte-americano utiliza mais de seis mil litros de água virtual por dia.
É preciso amadurecer os conhecimentos sobre a quantidade de água imbutida nas produções. Ela é componente essencial para muitas empresas, direta ou indiretamente. Abrir mão de utiliza-la é como decretar falência. No setor de bebidas, por exemplo, três galões de água participam da produção de apenas um litro de refrigerante, leite ou cerveja. De um modo ou outro, as empresas terão que encarar a redução de água em suas rotinas para não fechar as portas. O alerta é ainda mais urgente que o problema da possível falta de energia no futuro. Com a criatividade, o ser humano já encontrou diversas soluções através das energias renováveis. Com a água é diferente, trata-se de um recurso finito.
Considerando o fato de que o volume de água doce e limpa disponível no mundo representa menos de 1%, pequenas ações tem poder transformador. Segundo o Instituto AKATU Pelo Consumo Consciente, se um milhão de pessoas fechassem a torneira ao escovar os dentes, economizariam em um mês 12 minutos de vazão das Cataratas do Iguaçu. Um banho de ducha com duração de 10 minutos gasta em média 160 litros de água. Se desligar o chuveiro ao ensaboar, são 30 mil litros poupados em um ano.
Os exemplos de consumo são muitos e as soluções para reaproveitar e economizar, também. A chuva, devidamente acumulada e tratada em regiões com grande índice pluviométrico, poderia suprir perto de 100% da água de um lar. Ou ainda o esgoto, se tratado, poderia substituir cerca de 40% da água potável. É preciso tornar essas práticas aplicáveis no cotidiano de quem vive nas cidades. E é apenas o começo. ECOnomize.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
MUNDIAL DE BODYBOARD
Os brasileiros mais uma vez brilharam e representaram no lugar mais alto do pódio. O campeonato começou com ondas pequenas e debaixo de muita chuva. Com a chegada do swell no segundo dia, o mar logo ganhou tamanho e pressão com ondas chegando 2,5m, colocando a radicalidade e a coragem dos atletas a prova. O show de manobras esteve garantido durante o campeonato todo, uma vez que as ondas não pararam de bombar. Depois de algumas notas máximas, muitos aéreos, back flips e el rolos absurdos, os brasileiros confirmaram o favoritismo marcando presença nas semis e finais do evento.
No feminino, a porto riquenha Natasha Sagardia enfrentou a espanhola Anate Aguirre, que acabou levando a melhor e indo para a final. Na outra disputa, a tetracampeã mundial Neymara Carvalho derrotou a cearense Isabela Souza, e fez uma emocionante final com a espanhola valendo ainda a liderança do circuito. Mas a sorte estava mesmo do lado da capixaba, que apesar do mar difícil e da forte rebentação, mostrou calma e experiência ao garantir logo no início uma nota alta, não dando chance para a espanhola, que tentou se jogar nas bombas sem sucesso.
Já na categoria masculina, o eneacamepão Mike Stuart mostrou porque é considerado uma lenda viva no esporte e garantiu seu lugar na final ao derrotar o baiano René Xavier. A outra vaga na grande final foi disputada pelo capixaba Lucas Nogueira e pelo defensor do titulo da etapa, Uri Valadão. O Baiano, atual campeão do mundo, representou muito. Mas, foi Lucas que acabou disputando a final com o havaino.
Mike escolheu as ondas muito bem, surfando com maestria e liderando a bateria desde o começo. O brasileiro conseguia reagir diminuindo a diferença, porém para nervosismo e euforia do público o grande campeão só foi definindo 40 segundos do término da bateria. Lucas Nogueira, assim como sua conterânea Neymara Carvalho, levou a bandeira do Brasil ao lugar mais alto do pódio, para a alegria da torcida que comemorou muito.
A próxima etapa que será realizada na praia da Armação, em Salvador na Bahia, promete novas emoções, já que grandes estrelas como o campeão Uri Valadão e a revelação baiana René Xavier, estaram competindo no quintal de casa.
Texto e fotos: Marianna Piccoli
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Inscrições abertas para o Florianópolis Cine Action
Estão abertas as inscrições de audioviduais no Florianópolis Cine Action, no próximo dia 30 de abril, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O festival receberá os principais produtores de vídeos de esportes de ação na natureza do país e tem o objetivo de reunir estudantes de cinema, simpatizantes do esporte, mídia e empresariado local. Esta será uma prévia da Mostra Mundial, programada para ocorrer no final de 2009, em Florianópolis, com seis dias de exibição de vídeos, palestras e debates a respeito do tema.
Os audiovisuais poderão ser inscritos diretamente no site Floripa Festival na seção "Participe". Serão aceitos vídeos em arquivos digitais nas extensões mov ou avi (16x9) ou DVD. Os audiovisuais - trailers, curtas e longas - selecionados serão exibidos entre às 14h e 18 horas do dia 30 de abril, junto às apresentações dos principais produtores locais e nacionais como Pepê Cezar (Fábio Fabuloso), Gustavo Camarão (Que! Life Style; vencedor do Billabong XXL), Sílvio Arnaut (diretor da Massangana Filmes, produtora do Surf Adventures 1 e 2) e do catarinense Bruno Bez (Sincronia e Lisergia).
Convidados como Rick Werneck e Guga Arruda serão alguns dos encarregados das entrevistas com os produtores durante os debates promovidos no período vespertino. A atração especial do lançamento do Florianópolis Cine Action será a estreia do vídeo do bodyboarder octacampeão mundial, Mike Stewart, em seu itinerário pelas melhores ondas do mundo.
No período noturno, a partir das 18h30min, haverá sessões com as principais obras dos produtores participantes do evento. Nas telas, além de paraísos naturais e muita ação, é pré-requisito a presença de arte, cultura e a promoção da sustentabilidade, mostrando o homem em plena conexão com a natureza. Fora do projetor, o festival terá um espaço dedicado à fotografia, com exposição de Basílio Ruy e Agobar Junior.
O valor dos ingressos para as sessões noturnas, bem como os pontos de venda, serão divulgados posteriormente. Mais atrações ainda poderão ser confirmadas até o final desta semana. O lançamento do Florianópolis Cine Action conta com patrocínio da Secretaria da Organização e do Lazer, por meio do Fundesporte, com promoção da Rádio Atlântida FM e apoio da DNA Natural, Portal Waves, SET Cinema e Televisão.
texto Michele Cardoso, diretora assistente do festival
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Dê da Barra, descendo a ladeira
Texto publicado em dezembro 2008, site waves.com.br
No final de 2008, mais precisamente no último dia 29 de dezembro, o big rider catarinense Laudinei Neves embarcou para o Hawaii na expectativa de começar bem o ano. Dê da Barra, como também é conhecido, quer aproveitar o inverno havaiano, adquirir experiência e preparo físico para encarar o que vem pela frente.
Ele e seu parceiro de tow in, César Oliveira, estão no aguardo de um big swell para reiniciar os treinos nas bancadas de Phantons, Backyards e Revelethin, ideais para a prática desta modalidade. Dê optou por mais uma temporada no North Shore para estar mais próximo do campeonato que acontece na ilha de Maui até março, além de também aumentar sua capacidade pulmonar para resistir aos caldos pesados, proporcionais ao tamanho das ondas no Hawaii.
O atleta e seu parceiro também esperam por outro evento, o North Shore Tow In Contest, promovido pelo lendário Ace Cool. Outro objetivo da viagem é produzir imagens em foto e vídeo para revistas e arquivo pessoal.
Um dos projetos para 2009 é a produção de um filme sobre sua carreira. Imagens inéditas e antigas vão contar a história do big rider e relembrar momentos, como o dia 14 de novembro de 2004 na praia do Cardoso, Farol de Santa Marta, Sul de Santa Catarina. Na ocasião, Dê da Barra surfou a maior onda registrada e documentada no litoral brasileiro, captada pelas lentes do videomaker Marcos Dias. Uma onda estimada em cerca de 10 metros de face, que você pode conferir no vídeo ao lado.
O filme trará exclusivamente ondas grandes e surfadas ao redor do mundo, seja de tow in ou na remada. O preview do filme mostra alguns dos principais momentos do atleta em viagens como para o Chile, Jaws, Pipeline e Brasil, além de uma prévia com imagens inéditas na pororoca.
"Descendo a Ladeira" é o título do projeto e o roteiro prevê um retorno ao passado, com a participação de grandes nomes do tow in e novas buscas por ondas realmente grandes. O atleta conta com patrocínio da Confraria das Artes. Apoio: Restaurante Cirrus, Academia Forma, Lonelines Surfboards, Suco da Saúde, Tick Dek, H2O e Brasil Fins.
ASSISTA O VÍDEO
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Carnaval 2009
por Manu Scarpa
Já entramos em fevereiro, mês de uma das festas mais tradicionais no Brasil: o carnaval. Cada um curte a data da maneira que prefere. Uns gostam de festas e multidão, outros optam fugir de tudo isso. Mas tem gente que além de pensar no seu próprio divertimento e bem estar, pensa também no mundo que nos rodeia.
Por intermédio de um colega, tomei conhecimento de um trabalho muito bonito que une carnaval e preservação do meio ambiente. O músico, poeta e artista plástico Valdir Agostinho, figura querida e bastante conhecida em Florianópolis, busca a inspiração de seus trabalhos em algo que está bem diante dos nossos olhos: a cultura açoriana. Há mais de 20 anos ele é um reciclador preocupado com a limpeza e com o crescimento desordenado da nossa ilha. Entre suas criações, está a composição de fantasias de carnaval com materiais abandonados que antes iam para o lixo.
É um trabalho que transforma lixo em luxo, apresentado em concursos de fantasias no tradicional Baile Municipal no centro da cidade. Durante todos esses anos, Valdir destacou-se na categoria Originalidade, criando e recriando personagens com o lixo que encontra na beira da lagoa ou nas praias da região. Como a fantasia Rapariga Bonita criada em 1994, que reproduz uma velha conhecida dos manezinhos: a Maricota. Sacos plásticos, embalagens coloridas e pedaços de rede transformaram-se no cabelo da Rapariga; nylon de cadeiras de praia e pano de guarda–sol ganharam vida no vestido da boneca; de tampinhas plásticas surgiu um colar; e uma hélice de ventilador virou laço para enfeitar.
A Maricota é apenas um dos exemplos de uma vida inteira de dedicação. Para conhecer mais sobre esta arte que alerta, telefonei para a casa do Valdir. Foi uma conversa longa, eu queria saber o que ele estava preparando para este carnaval. Para minha surpresa, a conversa mudou de rumo. As fantasias já não são mais produzidas e os bailes já nem existem mais. O que debatemos foi justamente a extinção da cultura de Florianópolis, que antes se reconhecia nos clubes e em festas regionais.
Não era o que estava programado como tema da minha coluna, mas às vezes precisamos deixar a pauta de lado e abrir os olhos para novo. Esperava divulgar o belo exemplo de luta para manter nossa ilha sempre limpa, sem perder o bom humor. O bom humor resistiu a tudo, porém as mudanças na demografia de Florianópolis modificaram também a maneira de pensar do povo que vive aqui. A supervalorização do que vem de fora é uma das razões que ameaçam o desaparecimento da nossa cultura.
Mas o tema das fantasias continua pertinente, pois reforça a discussão de que reciclar é preciso, "é pra ontem". Até hoje o carnavalesco mais premiado da cidade ainda sai à cata do lixo abandonado nas belas paisagens, mas não ouve os mesmos aplausos dos tempos do carnaval. Foi preciso fazer arte com o que é desperdiçado para ser visto e chamar atenção para o problema. Enquanto isso, sacos cheios de lixo com capacidade para 100 litros são desprezados na Lagoa da Conceição, de origem ainda desconhecida. É preciso interesse, preocupação, fiscalização, respeito e principalmente amor para manter Floripa no status de paraíso. Valdir Agostinho faz a sua parte – hoje não mais no carnaval –, mas sempre transmitindo a mensagem de preservação da natureza e da cultura popular.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Fiscalize e realize
Coluna ESTAR BEM, revista Juice #30
Publicado em dezembro 2008
A crise na economia mundial e as fortes chuvas que devastaram inúmeras cidades em Santa Catarina atraem a atenção de toda a mídia no momento. A falta de credibilidade nas instituições financeiras e a força da natureza causaram tamanho impacto que pouco se ouve falar de um assunto bastante importante para o futuro de todos nós: a posse dos novos vereadores e prefeitos no próximo mês. No dia 05 de outubro os brasileiros cumpriram com seus direitos e obrigações como cidadãos e escolheram seus representantes. A cada mudança, esperança. Em janeiro de 2009 os novos administradores públicos assumem seus cargos nos 5.561 municípios do país para gerenciar como o dinheiro do povo vai ser investido. O que nos resta é confiar, mesmo que desconfiando, que os nossos impostos terão o destino certo.
Pensando nisso, no dia 25 de outubro – dia da Democracia – surgiu um novo instituto que pretende fiscalizar a Câmara dos Vereadores e a Prefeitura no raio da Grande Florianópolis. A ADERE (Agência de Desenvolvimento Regional) será constituída aos poucos para que dentro dos próximos quatros anos os eleitores acompanhem as decisões referentes à aplicação do orçamento público. O Instituto Consciência & Cidadania será o proponente e articulador dessas ações que, além de supervisionar a política local, tem uma preocupação especial com o meio ambiente e a juventude catarinense.
O presidente-fundador da entidade, Jorge João de Sousa, 27 anos, é formado em geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e obteve a nota máxima no trabalho de conclusão de curso "Educação Ambiental e Lixo Urbano na Bacia da Lagoa da Conceição". Esse foi o caminho que o levou a adquirir experiências para por em prática diversos projetos. Alguns trabalhos já existem, como o Programa 5 R´s – Refletir, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. São realizadas campanhas educativas nas escolas, comunidades e estabelecimentos comerciais da Bacia da Lagoa da Conceição.
Mas Jorge não está sozinho nessa. Ele trabalha em parceria da amiga e técnica em saneamento, Lis Schumacher, que também cursa a 5ª fase de Ciências Sociais na UFSC. Os dois são assessorados juridicamente pela advogada especialista no 3o Setor, Márcia Ariola. No momento, o primeiro passo do Instituto é firmar o termo de Cooperação, e posteriormente de Convênio, com a UFSC e outras instituições de ensino públicas e particulares para ter acesso à estrutura física e também para contratar bolsistas, estagiários e professores.
Outra aposta do Instituto é viabilizar, de forma inédita, uma Política de Estado voltada para os jovens no município de Florianópolis. A Política Municipal da Juventude é um conjunto de metas e ações para orientar e potencializar iniciativas públicas voltadas para a população entre 15 e 29 anos de idade. A partir de um diagnóstico das condições socioeconômicas do jovem brasileiro, foram identificados nove pontos de partida para a aplicação desta política. Ampliar o acesso ao ensino e a permanência em escolas de qualidade; erradicar o analfabetismo; gerar emprego e renda; democratizar o acesso ao esporte, ao lazer, à cultura e a tecnologia da informação; e estimular a cidadania e a participação social são alguns dos desafios propostos.
Para mais informações sobre os projetos, entre em contato pelo email jorgegeoufsc@hotmail.com.
texto MANU SCARPA
foto coluna MANU SCARPA
arte capa Guilherme Rosa
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Grafite no WCT Brasil 2008
União de surf e grafite no WCT Brasil
O grafiteiro e artista plástico paulista Zezão foi o responsável pela identidade visual do WCT Brasil 2008. Há 15 anos ele trabalha com arte urbana e já conseguiu levar este segmento, antes marginalizado, para dentro de museus e galerias do mundo todo. A revista Juice conversou com ele durante o evento na Vila e a entrevista você confere a seguir.
Como surgiu a idéia para você criar a identidade visual do Hangloose Santa Catarina Pro 2008?
A parceria veio através do gerente de marketing da Hangloose, que também é um artista e acompanha o street art na cidade de São Paulo. Ele já conhecia o meu trabalho e achou que tem a ver com a proposta ecológica da marca, com elementos ligados ao mar.
Qual foi a inspiração para criar essa identidade? E que mensagem pretendia passar para o público?
Este é um trabalho que tem um conceito ambiental, que se preocupa com a cidade e os lugares deteriorados. Por ele ser azul com um formato arredondado, transmite a idéia da água do mar, das ondas. A mensagem é sempre de paz, respeito e cuidado com o meio ambiente. Apesar de ter uma forma abstrata, o background do trabalho é de protesto e alerta social. Em São Paulo eu costumo pintar nas margens do rio Tietê, nas galerias de esgoto, para chamar a atenção para os problemas do nosso planeta.
Qual a sua opinião sobre unir o grafite com o surf?
Para mim foi um convite muito bacana, porque o grafite é uma arte totalmente urbana, eu sou uma pessoa totalmente urbanóide. Mas acredito que tudo isso tem uma ligação: o grafite tem uma ligação com o skate, o skate tem uma ligação com o surf e com esportes radicais. O grafite pode também ser considerado uma arte radical. Para mim é muito gratificante expor a minha arte urbana em um evento de surf, além de ver o reconhecimento em um evento como o WCT.
Como foi o processo de criação para chegar até este resultado final apresentado no evento?
Eu não precisei seguir nenhum briefing, pude criar livremente. O trabalho tem essa identidade visual orgânica, de cor azul e com muitos movimentos circulares de arabesco. Para que o público entendesse a ligação do surf com o grafite eu participei de uma apresentação de live painting em um painel montado na praia. Além dessa programação visual, eu sugeri uma idéia para o troféu, que é uma escultura de madeira com uma pintura em grafite.
Você já realizou algum trabalho parecido com este do WCT?
Esse trabalho foi mais voltado para o lado comercial, apoiando uma marca e assinando uma colação – já que todas as roupas do campeonato seguem esse padrão. Eu também desenvolvo arte decorativa em que eu levo o trabalho da rua para dentro da casa das pessoas. Também faço palestras e workshops sobre a minha experiência com o street art e com a minha relação urbana. É muito legal ter esse reconhecimento e poder viver da arte de rua que durante muito tempo foi marginalizada pela sociedade que entendia como vandalismo.
ENTREVISTA ZEZÃO EM VIDEO. CONFIRA!
matéria publicada na revista Juice #30
texto Manu Scarpa
arte Guilherme Rosa