terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fiscalize e realize


Coluna ESTAR BEM, revista Juice #30
Publicado em dezembro 2008

A crise na economia mundial e as fortes chuvas que devastaram inúmeras cidades em Santa Catarina atraem a atenção de toda a mídia no momento. A falta de credibilidade nas instituições financeiras e a força da natureza causaram tamanho impacto que pouco se ouve falar de um assunto bastante importante para o futuro de todos nós: a posse dos novos vereadores e prefeitos no próximo mês. No dia 05 de outubro os brasileiros cumpriram com seus direitos e obrigações como cidadãos e escolheram seus representantes. A cada mudança, esperança. Em janeiro de 2009 os novos administradores públicos assumem seus cargos nos 5.561 municípios do país para gerenciar como o dinheiro do povo vai ser investido. O que nos resta é confiar, mesmo que desconfiando, que os nossos impostos terão o destino certo.

Pensando nisso, no dia 25 de outubro – dia da Democracia – surgiu um novo instituto que pretende fiscalizar a Câmara dos Vereadores e a Prefeitura no raio da Grande Florianópolis. A ADERE (Agência de Desenvolvimento Regional) será constituída aos poucos para que dentro dos próximos quatros anos os eleitores acompanhem as decisões referentes à aplicação do orçamento público. O Instituto Consciência & Cidadania será o proponente e articulador dessas ações que, além de supervisionar a política local, tem uma preocupação especial com o meio ambiente e a juventude catarinense.

O presidente-fundador da entidade, Jorge João de Sousa, 27 anos, é formado em geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e obteve a nota máxima no trabalho de conclusão de curso "Educação Ambiental e Lixo Urbano na Bacia da Lagoa da Conceição". Esse foi o caminho que o levou a adquirir experiências para por em prática diversos projetos. Alguns trabalhos já existem, como o Programa 5 R´s – Refletir, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. São realizadas campanhas educativas nas escolas, comunidades e estabelecimentos comerciais da Bacia da Lagoa da Conceição.

Mas Jorge não está sozinho nessa. Ele trabalha em parceria da amiga e técnica em saneamento, Lis Schumacher, que também cursa a 5ª fase de Ciências Sociais na UFSC. Os dois são assessorados juridicamente pela advogada especialista no 3o Setor, Márcia Ariola. No momento, o primeiro passo do Instituto é firmar o termo de Cooperação, e posteriormente de Convênio, com a UFSC e outras instituições de ensino públicas e particulares para ter acesso à estrutura física e também para contratar bolsistas, estagiários e professores.

Outra aposta do Instituto é viabilizar, de forma inédita, uma Política de Estado voltada para os jovens no município de Florianópolis. A Política Municipal da Juventude é um conjunto de metas e ações para orientar e potencializar iniciativas públicas voltadas para a população entre 15 e 29 anos de idade. A partir de um diagnóstico das condições socioeconômicas do jovem brasileiro, foram identificados nove pontos de partida para a aplicação desta política. Ampliar o acesso ao ensino e a permanência em escolas de qualidade; erradicar o analfabetismo; gerar emprego e renda; democratizar o acesso ao esporte, ao lazer, à cultura e a tecnologia da informação; e estimular a cidadania e a participação social são alguns dos desafios propostos.

Para mais informações sobre os projetos, entre em contato pelo email jorgegeoufsc@hotmail.com.





texto MANU SCARPA
foto coluna MANU SCARPA
arte capa Guilherme Rosa

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Grafite no WCT Brasil 2008


União de surf e grafite no WCT Brasil
O grafiteiro e artista plástico paulista Zezão foi o responsável pela identidade visual do WCT Brasil 2008. Há 15 anos ele trabalha com arte urbana e já conseguiu levar este segmento, antes marginalizado, para dentro de museus e galerias do mundo todo. A revista Juice conversou com ele durante o evento na Vila e a entrevista você confere a seguir.

Como surgiu a idéia para você criar a identidade visual do Hangloose Santa Catarina Pro 2008?
A parceria veio através do gerente de marketing da Hangloose, que também é um artista e acompanha o street art na cidade de São Paulo. Ele já conhecia o meu trabalho e achou que tem a ver com a proposta ecológica da marca, com elementos ligados ao mar.

Qual foi a inspiração para criar essa identidade? E que mensagem pretendia passar para o público?
Este é um trabalho que tem um conceito ambiental, que se preocupa com a cidade e os lugares deteriorados. Por ele ser azul com um formato arredondado, transmite a idéia da água do mar, das ondas. A mensagem é sempre de paz, respeito e cuidado com o meio ambiente. Apesar de ter uma forma abstrata, o background do trabalho é de protesto e alerta social. Em São Paulo eu costumo pintar nas margens do rio Tietê, nas galerias de esgoto, para chamar a atenção para os problemas do nosso planeta.

Qual a sua opinião sobre unir o grafite com o surf?
Para mim foi um convite muito bacana, porque o grafite é uma arte totalmente urbana, eu sou uma pessoa totalmente urbanóide. Mas acredito que tudo isso tem uma ligação: o grafite tem uma ligação com o skate, o skate tem uma ligação com o surf e com esportes radicais. O grafite pode também ser considerado uma arte radical. Para mim é muito gratificante expor a minha arte urbana em um evento de surf, além de ver o reconhecimento em um evento como o WCT.


Como foi o processo de criação para chegar até este resultado final apresentado no evento?
Eu não precisei seguir nenhum briefing, pude criar livremente. O trabalho tem essa identidade visual orgânica, de cor azul e com muitos movimentos circulares de arabesco. Para que o público entendesse a ligação do surf com o grafite eu participei de uma apresentação de live painting em um painel montado na praia. Além dessa programação visual, eu sugeri uma idéia para o troféu, que é uma escultura de madeira com uma pintura em grafite.

Você já realizou algum trabalho parecido com este do WCT?
Esse trabalho foi mais voltado para o lado comercial, apoiando uma marca e assinando uma colação – já que todas as roupas do campeonato seguem esse padrão. Eu também desenvolvo arte decorativa em que eu levo o trabalho da rua para dentro da casa das pessoas. Também faço palestras e workshops sobre a minha experiência com o street art e com a minha relação urbana. É muito legal ter esse reconhecimento e poder viver da arte de rua que durante muito tempo foi marginalizada pela sociedade que entendia como vandalismo.

ENTREVISTA ZEZÃO EM VIDEO. CONFIRA!





matéria publicada na revista Juice #30
texto Manu Scarpa
arte Guilherme Rosa