quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

revista level



matéria publicada na revista level #03 :: dezembro 2010
texto MANU SCARPA
fotos MARIANNA PICCOLI

Quando a ideia de fazer um safári surge na cabeça, provavelmente imaginamos aquele tradicional passeio nas savanas africanas, em que diversos animais selvagens são observados de perto em seu habitat natural. Entretanto, ao analisar a etimologia da palavra, O significado é muito mais amplo. De origem Swahili, idioma africano, a palavra safári significa qualquer jornada, viagem ou expedição. A fotógrafa Marianna Piccoli embarcou a trabalho para África do Sul e, quando menos esperava, estava cara a cara com girafas, zebras e leões. Marianna visitou o Estado de Easter Cape, região sudoeste do país. Além da incrível experiência de fotografar um típico safári, ela viveu momentos inesquecíveis que os leitores da LEVEL conferem com exclusividade.


O destino final era a Indonésia, mas o inesperado convite para fotografar a etapa do campeonato mundial de surf em Jefferys Bay fez Marianna fazer uma escala no país africano. Apesar da cultura do surf predominar por lá, J-bay – como é carinhosamente conhecida – tem muito mais a oferecer que ondas perfeitas. A cidade de 40 mil habitantes é rodeada por reservas naturais, rios e natureza exuberante, além de diversos bares, lojas e deliciosos restaurantes de frutos do mar.

Não muito distante dali, Marianna visitou a promissora vinícola Cob Creek. “Pioneira na viticultura em todo o estado, a produção impressiona pela qualidade dos vinhos. Apesar dos primeiros vinhedos terem sido plantados recentemente, eles oferecem variedades de uvas capazes de agradar aos mais diferentes paladares. Os produtores realizaram diversos estudos e acreditam que com a qualidade do clima e do solo da região, eles podem ser comparados a algumas das melhores produtoras de vinho do país, localizada em Western Cape” explica.


Rumo ao lado sul, a missão era fotografar o salto dos amigos no bungee jump da ponte de Bloukrans Bridge. A bela construção é considerada a mais alta ponte em forma de arco do mundo. A lente grande angular que utilizou para fazer as fotos obrigou Marianna a ficar muito próxima do local do pulo, a beira do imenso vale. O cenário instigaste e a beleza única do lugar convenceram a jovem fotógrafa a encarar a aventura: pular em queda livre a 216 metros de altura. “Em meio a um vale, com imensas montanhas de um lado e o mar do outro, realizei o salto a 190 km/h. Assim que medo e frio na barriga passaram, tive umas das melhores sensações que já experimentei”, relembra. Na volta para o local onde estava hospedada, um passeio pela bela região de Cape Saint Francis ajudou a acalmar os ânimos. Um lugar charmoso, com uma linda baía destacando o farol de Seal Point, construído em 1875 e em operação até os dias de hoje.


A riqueza da África do Sul em matéria de biodiversidade é imensa, a terceira maior do mundo. Não é à toa que o país tem oito sítios classificados pela Unesco como patrimônios da humanidade. A viagem estava quase chegando ao fim e chegou a hora de participar de um verdadeiro safári e ver tudo isso de perto. Em todo o país existem centenas de reservas e parques nacionais, de todos os tipos e preços. O escolhido pelo grupo foi o Pumba Game Reserve. "Quase tão fascinante quanto o encontro com os animais é a estrutura oferecida nos parques. Serviço impecável, arquitetura exótica, refeições de alta qualidade e infra-estrutura de primeira". Uma experiência única, até porque nenhum safári é igual ao outro, pois os animais se movem o tempo todo pela imensa reserva.


“Por sorte, não havia mais ninguém hospedado por lá naquele dia, tornando nosso passeio particular. Logo no primeiro momento já avistamos quatro dos chamados “big fives” – leões, elefantes, rinocerontes, búfalos e leopardos. Esses são os cinco mamíferos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem”, conta.

“Na outra parte do safári, já na parte da tarde, vivemos fortes emoções ao passar de uma área da reserva para outra. Duas espécies diferentes de leões, uma em cada lado diferente da reserva, se encontraram bem na hora que passávamos de carro. No inicio achávamos que era tudo ensaiado e fazia parte do show. O esperto guia aproveitou a tensão para deixar o episódio ainda mais emocionante. Mas apesar de ser um fato raro, já que a reserva é enorme, aquilo realmente estava acontecendo. A disputa de rugidos entre os dois reis da selva foi uma atração à parte”, relembra. Com a segurança do safári estava comprometida, o passeio encerrou por ali. “Também visitamos o chamado Lion Park e dessa vez o passeio era em nosso próprio carro. Vimos de perto várias zebras, girafas e muitos outros animais. Para terminar, uma visita na jaula dos filhotes de leões e tigres”.


Hora de embarcar para Johannesburgo, maior cidade da África do Sul. Quando a viagem parecia encerrada, um problema entre as conexões fez Marianna perder o avião. Sem muito dinheiro, sozinha e sem conhecer nada na cidade, o jeito era arrumar uma acomodação simples, e esperar o próximo vôo no dia seguinte. A última noite na África acabou sendo uma aventura a parte. “Fiquei hospedada em uma “guest house”, que é uma casa de uma família em um típico bairro da capital sul-africana. Apesar dos moradores mal falarem inglês, fui muito bem recebida. Mesmo com todas as diferenças, posso dizer que esse intercâmbio cultural por um dia foi uma ótima maneira de finalizar essa verdadeira jornada pela África do Sul”, completa.






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