quarta-feira, 9 de março de 2011

SEU JORGE


Jorge Mário da Silva foi mais um dos incontáveis meninos brasileiros da periferia do Rio de Janeiro que tiveram uma infância pobre ao lado dos irmãos. A diferença estava em sua enorme capacidade de sonhar e tornar esses sonhos realidade. Natural de Belford Roxo, bairro da Baixada Fluminense, ele sempre acreditou que a música fazia parte do seu caminho. Na adolescência, o samba e o funk foram fortes influências, características presentes em suas canções até então.

Hoje apenas Seu Jorge, ele também soma no currículo algumas participações em filmes como Cidade de Deus (2002), The Life Aquatic with Steve Zissou (2004), Casa de Areia (2005) e Tropa de Elite 2 (2010). O garoto que já viveu nas ruas tem agora atenção que merece. Com toda essa projeção, sua carreira é consolidada também fora do Brasil.





Atualmente ele se divide entre a carreira solo e o projeto Almaz, uma turnê internacional formada também por dois integrantes da Nação Zumbi – Pupillo e Lucio Maia – e pelo músico e compositor Antonio Pinto. Esse projeto ainda não tem data para circular no Brasil, mas quem já teve oportunidade de curtir esse show no exterior pode se considerar uma pessoa de sorte.

Dono de uma voz grave e penetrante, Seu Jorge interpreta clássicos do Brasil e do mundo acompanhado de uma sonzeira original que foge ao seu tradicional repertório. TIm Maia, Michael Jackson, Roy Ayers, Nelson Cavaquinho e muitos outros compositores fazem parte da lista de seu novo projeto. Almaz significa diamante em russo e o projeto já saiu em CD e LP.





No dia 07 de março, Seu Jorge deu novamente o prazer da sua presença na ilha de Santa Catarina. Não foi dessa vez que o público brasileiro conferiu o resultado dessa mistura positiva do Almaz. De qualquer maneira, o show da última segunda-feira foi inesquecível e Seu Jorge foi uma das sensações do carnaval de Floripa.

Agradecimento: Life Club Floripa
Fotos: Manu Scarpa

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

revista SOLTO #62

por Manu Scarpa


*foto joão barbosa


VIDA
Desde que se conhece por gente, Gustavo surfa. Filho do shaper e surfista catarinense, João Schlickmann, sua primeira prancha foi assinada pelo pai – e até hoje a tradição se mantém. Essa relação íntima entre pai e filho e, ao mesmo tempo, shaper e surfista, contribuiu muito para o seu desempenho como atleta e amante do esporte.

Gustavo mora com o pai na pousada da família, na Lagoa da Conceição. Natural de Florianópolis, ele cresceu surfando na praia da Joaquina entre os amigos que até hoje fazem parte das barcas em busca de ondas pela Ilha.

Em dias flat, vai dar um role de skate. É nesse esporte que busca inspiração para sua maior especialidade: aéreos. “Admiro os skatistas porque eles estão sempre tentando novas manobras sem medo de se machucar – já que o destino final é o concreto. É um esporte que me inspira muito, pois considero o aéreo a manobra mais próxima entre surf e skate. Gosto bastante do estilo do australiano Shane Cross e do colombiano David Gonzáles”. Entre os surfistas, o havaiano Bruce Irons e os amigos de infância são os principais motivadores para voar cada vez mais alto.

Floripa é um prato cheio para Gustavo. As ondas que a região oferece quase sempre favorecem suas decolagens. Outros picos como Riozinho e Naufragados são as cartas na manga quando quer encontrar tubos, sua segunda manobra favorita.


*Akiwas

COMPETIÇÃO vs. FREESURF
Desde que começou a competir, Gustavo Schlickmann teve boas colocações em campeonatos amadores pelo Brasil. No circuito WQS também fez bons resultados. Ficou em terceiro lugar no ProJr que aconteceu na praia do Santinho, em 2008; e este ano foi destaque na Califórnia ao vencer uma competição de aéreos em San Diego.

Durante sete anos participou de campeonatos com frequência, dos 12 aos 19. Hoje, aos 22 anos, vive como freesurfer profissional. Patrocinado pela Volcom há 11 anos, ele recebeu todo o apoio para abandonar as competições e viver livre como surfista. Desde que parou de competir, Gustavo acredita que ficou mais fácil perceber o real significado de surfar. “Consigo aproveitar melhor a vida e ver claramente o que me fez gostar tanto desse esporte”.

Mesmo sem definir o que pretende para o futuro, ele faz de tudo um pouco sempre dando o seu melhor. “Apesar de sentir que a adrenalina das competições corre nas minhas veias, sinto que nunca consegui mostrar o meu melhor. Às vezes, depois de não me encontrar em nenhuma onda e perder uma bateria, faço a melhor sessão de todos os tempos na vala ao lado”. O circuito WQS ainda brilha em seus olhos, mas é preciso uma estratégia para viabilizar todas as viagens e competir o maior número de eventos.

Para ele, a principal regra de um freesurfer é sempre estar acompanhado de um bom filmaker para registrar tudo. “Imagina se eu faço a manobra da vida e ela não foi registrada?”.



MÍDIA
Após uma rápida visita pelo seu site é possível constatar que Gustavo Schlickmann é destaque na mídia desde muito pequeno. Aos nove anos de idade as revistas e jornais já apostavam no futuro do garoto promissor.

Aos 12 anos, participou da sessão “Pirralhos” na revista Fluir. Ele foi crescendo e aparecendo cada vez mais em diversos jornais e revistas pelo país. O ano 2009 foi muito importante na sua carreira. Teve um bom destaque na mídia ao estampar a capa da revista Fluir no mês de julho, com uma foto de Daniel Smorigo, em Ubatuba, durante uma barca com a equipe da Nike 6.0. Ainda na mesma edição, ele apareceu em página dupla numa seqüência de um aéreo cabuloso.

A lista de revistas com suas fotos publicadas é grande. Hardcore, Blackwater, Solto, Juice, Venice, jornal Drop e por aí vai. Além das imagens estáticas, Gustavo fez algumas participações em filmes nacionais, como o Lombrô 3, do carioca Rafael Mellin, e QUE!ISSU?, do também carioca Gustavo Camarão.

Seu grande destaque nas telonas foi no filme Sincronia, que produziu em parceria com o catarinense Bruno Bez. Quando parou de competir, Gustavo aproveitou para filmar cada vez mais. Aos poucos foi juntando imagens que renderam seu primeiro filme como protagonista. Ele divide algumas cenas com os surfistas Ricardo Wendhausen, Guilherme Tranquilli, Marcelo Cathcart, Yuri Castro, Diego Rosa, Tiago Bianchini, Wellington "Gringo", Rodrigo Generik, Daniel Cortez, Daniel Kuerten e Fernando Moura.


VIDEO EDITING
Desde criança os filmes de surf o deixavam maluco. Sua relação com produção de vídeo ganha cada vez mais espaço na sua vida. Um exemplo disso foi quando participou da triagem do projeto Innersection, do famoso diretor Taylor Steele. Gustavo fez novamente uma parceria com o amigo Bruno Bez e formaram uma das milhares de duplas que enviaram videoclipes para compor um filme de Steele.

Mesmo não sendo selecionados, este foi um importante passo nesse competitivo mercado. “Por conta das inúmeras viagens, tanto minhas como do Bruno, fizemos a edição em cima da hora. Conseguimos enviar nosso material no último minuto do último dia. Mas o que realmente importa é que nosso vídeo foi assistido por uma lenda mundial quando o assunto é filmes de surf”, avalia.

Produzir imagens é um bom motivo para qualquer freesurfer viajar. O interessante é que além de ser foco das lentes de foto e vídeo, Gustavo descobriu uma nova paixão: editar vídeos. Uma atividade que começou como brincadeira entre amigos para auto-analisar seu estilo de surfar, virou coisa séria com o passar dos anos. Durante toda a entrevista, Gustavo deixou rolar de fundo sua mais recente conquista em 2010: o filme Hypnotized. O vídeo é um resumo das últimas viagens que fez, quase todas nesse ano. Na sequência, Brasil-Califórnia- Nicarágua-Indonésia-Brasil. Além de algumas cenas filmadas em 2009, no México.

Ele surfou e editou em parceria com Marcelo Cathcart e o trailer já está disponível na Internet. Nas ondas filmadas no Brasil, várias sessions tem a participação dos amigos de infância que também compõem o Sincronia. James Santos e Fernando Fanta agregaram ainda mais valor às imagens captadas na Indonésia.

*Jõao Barbosa

VIAGENS
E por falar em viagens, sempre uma é eleita a mais especial. “Minha primeira trip para Indonésia foi uma experiência única, dois meses no total. Além de surfar altas ondas, aprendi a dar valor para todas as coisas que tenho”.

Morou também na Austrália e já esteve em três temporadas havaianas. No roteiro das próximas aventuras estão lugares exóticos como o Marrocos, Nova Caledônia e Micronésia, sempre em busca de novas culturas, menos crowd e ondas boas.

Quando a pergunta é onde mais gosta de surfar, Gustavo nem pensou antes de dar a resposta. “Em casa!”. E isso significa Floripa e Santa Catarina como um todo, pois não descarta picos como a Guarda do Embaú, Garopaba e Imbituba.


TRICKS & FREAKS
Desde que parou de competir, parou também de treinar para agradar os juízes. O foco agora é somente na evolução das diferentes manobras que vão surgindo na cabeça. “Antes eu me preocupava em fazer um surf de linha. Hoje até esqueço das rasgadas e cutbacks, quero mesmo é pegar velocidade e voar cada vez mais alto”, revela. Essa, aliás, é uma das especialidades de Gustavo. O famoso aéreo rodando ele faz até de olhos fechados.

A manobra que considera mais difícil é sempre aquela que está praticando no momento. Para ele, tudo é uma questão de prática até se tornar fácil. “Estou sempre com uma manobra no pé. No momento estou treinando o Big Spin, como também é chamada no skate. A diferença é que ao invés de aterrizar com a rabeta, você aterriza com o bico já na base trocada”, explica. Entendeu?






quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

revista level



matéria publicada na revista level #03 :: dezembro 2010
texto MANU SCARPA
fotos MARIANNA PICCOLI

Quando a ideia de fazer um safári surge na cabeça, provavelmente imaginamos aquele tradicional passeio nas savanas africanas, em que diversos animais selvagens são observados de perto em seu habitat natural. Entretanto, ao analisar a etimologia da palavra, O significado é muito mais amplo. De origem Swahili, idioma africano, a palavra safári significa qualquer jornada, viagem ou expedição. A fotógrafa Marianna Piccoli embarcou a trabalho para África do Sul e, quando menos esperava, estava cara a cara com girafas, zebras e leões. Marianna visitou o Estado de Easter Cape, região sudoeste do país. Além da incrível experiência de fotografar um típico safári, ela viveu momentos inesquecíveis que os leitores da LEVEL conferem com exclusividade.


O destino final era a Indonésia, mas o inesperado convite para fotografar a etapa do campeonato mundial de surf em Jefferys Bay fez Marianna fazer uma escala no país africano. Apesar da cultura do surf predominar por lá, J-bay – como é carinhosamente conhecida – tem muito mais a oferecer que ondas perfeitas. A cidade de 40 mil habitantes é rodeada por reservas naturais, rios e natureza exuberante, além de diversos bares, lojas e deliciosos restaurantes de frutos do mar.

Não muito distante dali, Marianna visitou a promissora vinícola Cob Creek. “Pioneira na viticultura em todo o estado, a produção impressiona pela qualidade dos vinhos. Apesar dos primeiros vinhedos terem sido plantados recentemente, eles oferecem variedades de uvas capazes de agradar aos mais diferentes paladares. Os produtores realizaram diversos estudos e acreditam que com a qualidade do clima e do solo da região, eles podem ser comparados a algumas das melhores produtoras de vinho do país, localizada em Western Cape” explica.


Rumo ao lado sul, a missão era fotografar o salto dos amigos no bungee jump da ponte de Bloukrans Bridge. A bela construção é considerada a mais alta ponte em forma de arco do mundo. A lente grande angular que utilizou para fazer as fotos obrigou Marianna a ficar muito próxima do local do pulo, a beira do imenso vale. O cenário instigaste e a beleza única do lugar convenceram a jovem fotógrafa a encarar a aventura: pular em queda livre a 216 metros de altura. “Em meio a um vale, com imensas montanhas de um lado e o mar do outro, realizei o salto a 190 km/h. Assim que medo e frio na barriga passaram, tive umas das melhores sensações que já experimentei”, relembra. Na volta para o local onde estava hospedada, um passeio pela bela região de Cape Saint Francis ajudou a acalmar os ânimos. Um lugar charmoso, com uma linda baía destacando o farol de Seal Point, construído em 1875 e em operação até os dias de hoje.


A riqueza da África do Sul em matéria de biodiversidade é imensa, a terceira maior do mundo. Não é à toa que o país tem oito sítios classificados pela Unesco como patrimônios da humanidade. A viagem estava quase chegando ao fim e chegou a hora de participar de um verdadeiro safári e ver tudo isso de perto. Em todo o país existem centenas de reservas e parques nacionais, de todos os tipos e preços. O escolhido pelo grupo foi o Pumba Game Reserve. "Quase tão fascinante quanto o encontro com os animais é a estrutura oferecida nos parques. Serviço impecável, arquitetura exótica, refeições de alta qualidade e infra-estrutura de primeira". Uma experiência única, até porque nenhum safári é igual ao outro, pois os animais se movem o tempo todo pela imensa reserva.


“Por sorte, não havia mais ninguém hospedado por lá naquele dia, tornando nosso passeio particular. Logo no primeiro momento já avistamos quatro dos chamados “big fives” – leões, elefantes, rinocerontes, búfalos e leopardos. Esses são os cinco mamíferos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem”, conta.

“Na outra parte do safári, já na parte da tarde, vivemos fortes emoções ao passar de uma área da reserva para outra. Duas espécies diferentes de leões, uma em cada lado diferente da reserva, se encontraram bem na hora que passávamos de carro. No inicio achávamos que era tudo ensaiado e fazia parte do show. O esperto guia aproveitou a tensão para deixar o episódio ainda mais emocionante. Mas apesar de ser um fato raro, já que a reserva é enorme, aquilo realmente estava acontecendo. A disputa de rugidos entre os dois reis da selva foi uma atração à parte”, relembra. Com a segurança do safári estava comprometida, o passeio encerrou por ali. “Também visitamos o chamado Lion Park e dessa vez o passeio era em nosso próprio carro. Vimos de perto várias zebras, girafas e muitos outros animais. Para terminar, uma visita na jaula dos filhotes de leões e tigres”.


Hora de embarcar para Johannesburgo, maior cidade da África do Sul. Quando a viagem parecia encerrada, um problema entre as conexões fez Marianna perder o avião. Sem muito dinheiro, sozinha e sem conhecer nada na cidade, o jeito era arrumar uma acomodação simples, e esperar o próximo vôo no dia seguinte. A última noite na África acabou sendo uma aventura a parte. “Fiquei hospedada em uma “guest house”, que é uma casa de uma família em um típico bairro da capital sul-africana. Apesar dos moradores mal falarem inglês, fui muito bem recebida. Mesmo com todas as diferenças, posso dizer que esse intercâmbio cultural por um dia foi uma ótima maneira de finalizar essa verdadeira jornada pela África do Sul”, completa.






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