quarta-feira, 9 de março de 2011

SEU JORGE


Jorge Mário da Silva foi mais um dos incontáveis meninos brasileiros da periferia do Rio de Janeiro que tiveram uma infância pobre ao lado dos irmãos. A diferença estava em sua enorme capacidade de sonhar e tornar esses sonhos realidade. Natural de Belford Roxo, bairro da Baixada Fluminense, ele sempre acreditou que a música fazia parte do seu caminho. Na adolescência, o samba e o funk foram fortes influências, características presentes em suas canções até então.

Hoje apenas Seu Jorge, ele também soma no currículo algumas participações em filmes como Cidade de Deus (2002), The Life Aquatic with Steve Zissou (2004), Casa de Areia (2005) e Tropa de Elite 2 (2010). O garoto que já viveu nas ruas tem agora atenção que merece. Com toda essa projeção, sua carreira é consolidada também fora do Brasil.





Atualmente ele se divide entre a carreira solo e o projeto Almaz, uma turnê internacional formada também por dois integrantes da Nação Zumbi – Pupillo e Lucio Maia – e pelo músico e compositor Antonio Pinto. Esse projeto ainda não tem data para circular no Brasil, mas quem já teve oportunidade de curtir esse show no exterior pode se considerar uma pessoa de sorte.

Dono de uma voz grave e penetrante, Seu Jorge interpreta clássicos do Brasil e do mundo acompanhado de uma sonzeira original que foge ao seu tradicional repertório. TIm Maia, Michael Jackson, Roy Ayers, Nelson Cavaquinho e muitos outros compositores fazem parte da lista de seu novo projeto. Almaz significa diamante em russo e o projeto já saiu em CD e LP.





No dia 07 de março, Seu Jorge deu novamente o prazer da sua presença na ilha de Santa Catarina. Não foi dessa vez que o público brasileiro conferiu o resultado dessa mistura positiva do Almaz. De qualquer maneira, o show da última segunda-feira foi inesquecível e Seu Jorge foi uma das sensações do carnaval de Floripa.

Agradecimento: Life Club Floripa
Fotos: Manu Scarpa

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

revista SOLTO #62

por Manu Scarpa


*foto joão barbosa


VIDA
Desde que se conhece por gente, Gustavo surfa. Filho do shaper e surfista catarinense, João Schlickmann, sua primeira prancha foi assinada pelo pai – e até hoje a tradição se mantém. Essa relação íntima entre pai e filho e, ao mesmo tempo, shaper e surfista, contribuiu muito para o seu desempenho como atleta e amante do esporte.

Gustavo mora com o pai na pousada da família, na Lagoa da Conceição. Natural de Florianópolis, ele cresceu surfando na praia da Joaquina entre os amigos que até hoje fazem parte das barcas em busca de ondas pela Ilha.

Em dias flat, vai dar um role de skate. É nesse esporte que busca inspiração para sua maior especialidade: aéreos. “Admiro os skatistas porque eles estão sempre tentando novas manobras sem medo de se machucar – já que o destino final é o concreto. É um esporte que me inspira muito, pois considero o aéreo a manobra mais próxima entre surf e skate. Gosto bastante do estilo do australiano Shane Cross e do colombiano David Gonzáles”. Entre os surfistas, o havaiano Bruce Irons e os amigos de infância são os principais motivadores para voar cada vez mais alto.

Floripa é um prato cheio para Gustavo. As ondas que a região oferece quase sempre favorecem suas decolagens. Outros picos como Riozinho e Naufragados são as cartas na manga quando quer encontrar tubos, sua segunda manobra favorita.


*Akiwas

COMPETIÇÃO vs. FREESURF
Desde que começou a competir, Gustavo Schlickmann teve boas colocações em campeonatos amadores pelo Brasil. No circuito WQS também fez bons resultados. Ficou em terceiro lugar no ProJr que aconteceu na praia do Santinho, em 2008; e este ano foi destaque na Califórnia ao vencer uma competição de aéreos em San Diego.

Durante sete anos participou de campeonatos com frequência, dos 12 aos 19. Hoje, aos 22 anos, vive como freesurfer profissional. Patrocinado pela Volcom há 11 anos, ele recebeu todo o apoio para abandonar as competições e viver livre como surfista. Desde que parou de competir, Gustavo acredita que ficou mais fácil perceber o real significado de surfar. “Consigo aproveitar melhor a vida e ver claramente o que me fez gostar tanto desse esporte”.

Mesmo sem definir o que pretende para o futuro, ele faz de tudo um pouco sempre dando o seu melhor. “Apesar de sentir que a adrenalina das competições corre nas minhas veias, sinto que nunca consegui mostrar o meu melhor. Às vezes, depois de não me encontrar em nenhuma onda e perder uma bateria, faço a melhor sessão de todos os tempos na vala ao lado”. O circuito WQS ainda brilha em seus olhos, mas é preciso uma estratégia para viabilizar todas as viagens e competir o maior número de eventos.

Para ele, a principal regra de um freesurfer é sempre estar acompanhado de um bom filmaker para registrar tudo. “Imagina se eu faço a manobra da vida e ela não foi registrada?”.



MÍDIA
Após uma rápida visita pelo seu site é possível constatar que Gustavo Schlickmann é destaque na mídia desde muito pequeno. Aos nove anos de idade as revistas e jornais já apostavam no futuro do garoto promissor.

Aos 12 anos, participou da sessão “Pirralhos” na revista Fluir. Ele foi crescendo e aparecendo cada vez mais em diversos jornais e revistas pelo país. O ano 2009 foi muito importante na sua carreira. Teve um bom destaque na mídia ao estampar a capa da revista Fluir no mês de julho, com uma foto de Daniel Smorigo, em Ubatuba, durante uma barca com a equipe da Nike 6.0. Ainda na mesma edição, ele apareceu em página dupla numa seqüência de um aéreo cabuloso.

A lista de revistas com suas fotos publicadas é grande. Hardcore, Blackwater, Solto, Juice, Venice, jornal Drop e por aí vai. Além das imagens estáticas, Gustavo fez algumas participações em filmes nacionais, como o Lombrô 3, do carioca Rafael Mellin, e QUE!ISSU?, do também carioca Gustavo Camarão.

Seu grande destaque nas telonas foi no filme Sincronia, que produziu em parceria com o catarinense Bruno Bez. Quando parou de competir, Gustavo aproveitou para filmar cada vez mais. Aos poucos foi juntando imagens que renderam seu primeiro filme como protagonista. Ele divide algumas cenas com os surfistas Ricardo Wendhausen, Guilherme Tranquilli, Marcelo Cathcart, Yuri Castro, Diego Rosa, Tiago Bianchini, Wellington "Gringo", Rodrigo Generik, Daniel Cortez, Daniel Kuerten e Fernando Moura.


VIDEO EDITING
Desde criança os filmes de surf o deixavam maluco. Sua relação com produção de vídeo ganha cada vez mais espaço na sua vida. Um exemplo disso foi quando participou da triagem do projeto Innersection, do famoso diretor Taylor Steele. Gustavo fez novamente uma parceria com o amigo Bruno Bez e formaram uma das milhares de duplas que enviaram videoclipes para compor um filme de Steele.

Mesmo não sendo selecionados, este foi um importante passo nesse competitivo mercado. “Por conta das inúmeras viagens, tanto minhas como do Bruno, fizemos a edição em cima da hora. Conseguimos enviar nosso material no último minuto do último dia. Mas o que realmente importa é que nosso vídeo foi assistido por uma lenda mundial quando o assunto é filmes de surf”, avalia.

Produzir imagens é um bom motivo para qualquer freesurfer viajar. O interessante é que além de ser foco das lentes de foto e vídeo, Gustavo descobriu uma nova paixão: editar vídeos. Uma atividade que começou como brincadeira entre amigos para auto-analisar seu estilo de surfar, virou coisa séria com o passar dos anos. Durante toda a entrevista, Gustavo deixou rolar de fundo sua mais recente conquista em 2010: o filme Hypnotized. O vídeo é um resumo das últimas viagens que fez, quase todas nesse ano. Na sequência, Brasil-Califórnia- Nicarágua-Indonésia-Brasil. Além de algumas cenas filmadas em 2009, no México.

Ele surfou e editou em parceria com Marcelo Cathcart e o trailer já está disponível na Internet. Nas ondas filmadas no Brasil, várias sessions tem a participação dos amigos de infância que também compõem o Sincronia. James Santos e Fernando Fanta agregaram ainda mais valor às imagens captadas na Indonésia.

*Jõao Barbosa

VIAGENS
E por falar em viagens, sempre uma é eleita a mais especial. “Minha primeira trip para Indonésia foi uma experiência única, dois meses no total. Além de surfar altas ondas, aprendi a dar valor para todas as coisas que tenho”.

Morou também na Austrália e já esteve em três temporadas havaianas. No roteiro das próximas aventuras estão lugares exóticos como o Marrocos, Nova Caledônia e Micronésia, sempre em busca de novas culturas, menos crowd e ondas boas.

Quando a pergunta é onde mais gosta de surfar, Gustavo nem pensou antes de dar a resposta. “Em casa!”. E isso significa Floripa e Santa Catarina como um todo, pois não descarta picos como a Guarda do Embaú, Garopaba e Imbituba.


TRICKS & FREAKS
Desde que parou de competir, parou também de treinar para agradar os juízes. O foco agora é somente na evolução das diferentes manobras que vão surgindo na cabeça. “Antes eu me preocupava em fazer um surf de linha. Hoje até esqueço das rasgadas e cutbacks, quero mesmo é pegar velocidade e voar cada vez mais alto”, revela. Essa, aliás, é uma das especialidades de Gustavo. O famoso aéreo rodando ele faz até de olhos fechados.

A manobra que considera mais difícil é sempre aquela que está praticando no momento. Para ele, tudo é uma questão de prática até se tornar fácil. “Estou sempre com uma manobra no pé. No momento estou treinando o Big Spin, como também é chamada no skate. A diferença é que ao invés de aterrizar com a rabeta, você aterriza com o bico já na base trocada”, explica. Entendeu?






quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

revista level



matéria publicada na revista level #03 :: dezembro 2010
texto MANU SCARPA
fotos MARIANNA PICCOLI

Quando a ideia de fazer um safári surge na cabeça, provavelmente imaginamos aquele tradicional passeio nas savanas africanas, em que diversos animais selvagens são observados de perto em seu habitat natural. Entretanto, ao analisar a etimologia da palavra, O significado é muito mais amplo. De origem Swahili, idioma africano, a palavra safári significa qualquer jornada, viagem ou expedição. A fotógrafa Marianna Piccoli embarcou a trabalho para África do Sul e, quando menos esperava, estava cara a cara com girafas, zebras e leões. Marianna visitou o Estado de Easter Cape, região sudoeste do país. Além da incrível experiência de fotografar um típico safári, ela viveu momentos inesquecíveis que os leitores da LEVEL conferem com exclusividade.


O destino final era a Indonésia, mas o inesperado convite para fotografar a etapa do campeonato mundial de surf em Jefferys Bay fez Marianna fazer uma escala no país africano. Apesar da cultura do surf predominar por lá, J-bay – como é carinhosamente conhecida – tem muito mais a oferecer que ondas perfeitas. A cidade de 40 mil habitantes é rodeada por reservas naturais, rios e natureza exuberante, além de diversos bares, lojas e deliciosos restaurantes de frutos do mar.

Não muito distante dali, Marianna visitou a promissora vinícola Cob Creek. “Pioneira na viticultura em todo o estado, a produção impressiona pela qualidade dos vinhos. Apesar dos primeiros vinhedos terem sido plantados recentemente, eles oferecem variedades de uvas capazes de agradar aos mais diferentes paladares. Os produtores realizaram diversos estudos e acreditam que com a qualidade do clima e do solo da região, eles podem ser comparados a algumas das melhores produtoras de vinho do país, localizada em Western Cape” explica.


Rumo ao lado sul, a missão era fotografar o salto dos amigos no bungee jump da ponte de Bloukrans Bridge. A bela construção é considerada a mais alta ponte em forma de arco do mundo. A lente grande angular que utilizou para fazer as fotos obrigou Marianna a ficar muito próxima do local do pulo, a beira do imenso vale. O cenário instigaste e a beleza única do lugar convenceram a jovem fotógrafa a encarar a aventura: pular em queda livre a 216 metros de altura. “Em meio a um vale, com imensas montanhas de um lado e o mar do outro, realizei o salto a 190 km/h. Assim que medo e frio na barriga passaram, tive umas das melhores sensações que já experimentei”, relembra. Na volta para o local onde estava hospedada, um passeio pela bela região de Cape Saint Francis ajudou a acalmar os ânimos. Um lugar charmoso, com uma linda baía destacando o farol de Seal Point, construído em 1875 e em operação até os dias de hoje.


A riqueza da África do Sul em matéria de biodiversidade é imensa, a terceira maior do mundo. Não é à toa que o país tem oito sítios classificados pela Unesco como patrimônios da humanidade. A viagem estava quase chegando ao fim e chegou a hora de participar de um verdadeiro safári e ver tudo isso de perto. Em todo o país existem centenas de reservas e parques nacionais, de todos os tipos e preços. O escolhido pelo grupo foi o Pumba Game Reserve. "Quase tão fascinante quanto o encontro com os animais é a estrutura oferecida nos parques. Serviço impecável, arquitetura exótica, refeições de alta qualidade e infra-estrutura de primeira". Uma experiência única, até porque nenhum safári é igual ao outro, pois os animais se movem o tempo todo pela imensa reserva.


“Por sorte, não havia mais ninguém hospedado por lá naquele dia, tornando nosso passeio particular. Logo no primeiro momento já avistamos quatro dos chamados “big fives” – leões, elefantes, rinocerontes, búfalos e leopardos. Esses são os cinco mamíferos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem”, conta.

“Na outra parte do safári, já na parte da tarde, vivemos fortes emoções ao passar de uma área da reserva para outra. Duas espécies diferentes de leões, uma em cada lado diferente da reserva, se encontraram bem na hora que passávamos de carro. No inicio achávamos que era tudo ensaiado e fazia parte do show. O esperto guia aproveitou a tensão para deixar o episódio ainda mais emocionante. Mas apesar de ser um fato raro, já que a reserva é enorme, aquilo realmente estava acontecendo. A disputa de rugidos entre os dois reis da selva foi uma atração à parte”, relembra. Com a segurança do safári estava comprometida, o passeio encerrou por ali. “Também visitamos o chamado Lion Park e dessa vez o passeio era em nosso próprio carro. Vimos de perto várias zebras, girafas e muitos outros animais. Para terminar, uma visita na jaula dos filhotes de leões e tigres”.


Hora de embarcar para Johannesburgo, maior cidade da África do Sul. Quando a viagem parecia encerrada, um problema entre as conexões fez Marianna perder o avião. Sem muito dinheiro, sozinha e sem conhecer nada na cidade, o jeito era arrumar uma acomodação simples, e esperar o próximo vôo no dia seguinte. A última noite na África acabou sendo uma aventura a parte. “Fiquei hospedada em uma “guest house”, que é uma casa de uma família em um típico bairro da capital sul-africana. Apesar dos moradores mal falarem inglês, fui muito bem recebida. Mesmo com todas as diferenças, posso dizer que esse intercâmbio cultural por um dia foi uma ótima maneira de finalizar essa verdadeira jornada pela África do Sul”, completa.






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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

FLOR DO CERRADO

Matéria publicada na revista LEVEL #02, outubro 2010
Textos :: Manu Scarpa
Fotos :: André Gemmer




O cerrado brasileiro possui diversas formações vegetais, centenas de nascentes e cursos d'água e rochas com mais de um bilhão de anos. Essa riqueza biológica, localizada no centro-oeste do país, sofre constantemente com as queimadas durante o período de seca no inverno. Em busca de liberdade, paz e contato com este frágil ecossistema, o estudante de Florianópolis André Gemmer planejou uma viagem para a Chapada dos Veadeiros como tema do seu trabalho de conclusão de curso. O que era para ser mais uma pesquisa de universidade resultou em uma inesquecível experiência de vida.



Localizada ao norte do cerrado goiano (cerca de 230km de Brasília), a Chapada dos Veadeiros é o mais antigo patrimônio geológico da América do Sul. Formada há 1,8 bilhão de anos, a região quase sempre está no roteiro dos amantes do ecoturismo e impressiona os visitantes com uma beleza singular. Para preservar o local e regularizar o acesso de turistas e exploradores, em 1961 foi criado o "Parque Nacional da Chapada", localizado parte no município de Cavalcante e parte em Alto Paraíso, ambos no Estado de Goiás. Em 2001, o Parque foi declarado Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO.

O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e estende-se por oito estados do Brasil central. Com solo deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, mas a presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul favorece sua biodiversidade. Cachoeiras, rios, piscinas naturais, montanhas, canyons, minas de cristal e cerca de três mil espécies de plantas fazem parte desse santuário ecológico localizado a 1.600 metros de altitude. Animais em extinção como o veado-campeiro, o lobo-guará, a ema e o tucano de bico-amarelo são exemplos da fragilidade da natureza neste local.



O clima seco do último inverno provocou o alastramento de incêndios no cerrado, comuns nessa época - embora nem sempre por causas naturais. O forte calor na região alcançou 38˚C e em alguns locais foram mais de três meses sem chover. A chamada “combustão espontânea” é aceita como justificativa para o fogo que destruiu boa parte da vegetação neste ano, mas o descuido e o descaso ainda são os principais fatores que colocam em risco esta delicada vegetação brasileira. A técnica das queimadas ainda é a maneira preferida de preparar a terra para a agricultura e sua prática é bastante discutida. O fato é que o fogo sem controle devastou uma grande área da Chapada dos Veadeiros e este é um alerta para a preservação urgente do local.



EXPEDIÇÃO


O estudante de Mídias Eletrônicas, André Gemmer, saiu de Florianópolis com destino ao cerrado brasileiro para desenvolver seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A idéia era registrar em foto e vídeo as belezas do lugar, que ficou na memória de André desde sua primeira visita a Chapada dos Veadeiros em 2009. Durante 25 dias ele explorou a região através de suas lentes e conheceu pessoas que mudaram sua vida para sempre.


O que te motivou para fazer a viagem?
A vontade de produzir conteúdos audiovisuais relacionados ao meio ambiente, além de toda a tranquilidade que a natureza nos oferece como refugio do dia-a-dia da cidade. Desde 2009 tive a certeza que voltaria lá com uma filmadora e uma máquina fotográfica para registrar tamanha beleza natural na região central do Brasil.

O que foi diferente dessa vez?
Por eu estar fotografando e filmando tudo, observei e curti cada detalhe, desde a natureza como os próprios moradores da região. Fiz muitas amizades e fui muito bem recebido. Visitei locais que somente os nativos tem acesso. Foi uma experiência única, quero voltar diversas vezes.

Você produziu um pré-roteiro antes de viajar. O que manteve e o que mudou?
Fiz um breve roteiro com a idéia de onde iria em cada dia, porém quando cheguei lá tudo mudou. Estava acontecendo o X Encontro Cultural da Chapada dos Veadeiros, o que me fez mudar um pouco os planos para conhecer a cultura local. Além disso, no meio do caminho surgiu a idéia de fazer um documentário falando sobre questões ambientais como forma de conscientizar a população sobre a interação do ser humano com a natureza.

Você está sozinho nessa produção multimídia?
A produção multimídia na Chapada começou comigo, porém não é fácil fazer isso sozinho. Meu amigo Marcelo Leão, também parceiro em projetos paralelos, não pode participar da etapa da viagem, mas está dando uma força no trabalho de pós-produção. Além dele, muita gente colaborou. Minha namorada Fabricia fez quase todo o percurso comigo e uma amiga canadense que conheci durante a viagem está me ajudando a produzir o texto para o documentário.

Como formando do curso de Mídias Eletrônicas, como esse projeto te acrescenta?
Vejo como uma grande porta que está se abrindo para meu futuro profissional. Através dele quero desenvolver outros projetos com foco ecológico e tudo que envolve natureza e ser humano de forma harmoniosa.

Como você avalia o retorno do público?
O retorno começou ainda na Chapada, quando as pessoas demonstravam bastante interesse em saber o que eu estava fazendo com tantos equipamentos. O fato de estar produzindo um projeto com foco nas questões ambientais envolveu a comunidade local de forma bem positiva. Consegui estadia e alimentação na Vila São Jorge e todos já me conheciam como "o cara do filme". Quanto retornei para Florianópolis depois de 25 dias de viagem meu blog já registrava quase 13 mil visitas. Foi uma surpresa para mim.

Como você resumiria essa viagem?
Em quatro palavras: natureza, liberdade, amizade e paz. Aprendi muito, conheci muita gente. Uma experiência incomparável e única que me mostrou ainda mais o valor desses quatro elementos.

Alguns incêndios afetaram a região no inverno deste ano. Você que esteve por lá com um olhar mais atento, o que tem a dizer sobre isso?
Tenho acompanhado através da TV e da Internet, converso semanalmente com o pessoal de lá por e-mail e realmente é uma situação alarmante. Essa época do ano é muito seca, o clima é desértico com forte calor durante o dia e muito frio durante a noite. Os incêndios são queimadas que saíram do controle, provocadas pela ação do homem. Mas também faz parte do ciclo natural da região. Os cristais presentes nas rochas refletem o sol que queima pequenos galhos secos, o que resulta em grandes incêndios. Esse ano as queimadas estão muito mais intensas. É a natureza dando sinais de que é preciso respeitá-la.



segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O SKATISTA ARTEIRO :: Marcelo Barnero

texto publicado na revista SOLTO #61, novembro 2010
por Manu Scarpa
artwork Marcelo Barnero
>> leia a entrevista completa


O olhar tranquilo dos pássaros que o paulista Marcelo Barnero desenha é resultado de tudo o que acontece ao seu redor. Livre como um pássaro, ele expressa com pincel e muitas cores aquilo que coloca no liquidificador chamado cabeça. Desde 2005 Barnero se dedica a perseguir um dos dons que recebeu como presente, a arte de desenhar. Seus mestres, os elementos da natureza. Sua mensagem, levar bons sentimentos aos que param para apreciar o que ele tem para transmitir.


Sua primeira exposição aconteceu no final de 2007, em Florianópolis. Para além das galerias, Barnero também leva seus pássaros para o meio da rua. Geralmente ele reforma algum ponto deteriorado usando arte. Pode ser um muro, um orelhão, um fusca. Seu mais novo desafio é a pintura das paredes e da pista de skate na pousada Hi-Adventure, famoso bowl em Floripa que recebe importantes campeonatos. Marcelo Barnero divide a responsabilidade desta obra com o artista plástico Paulo Gouveia. Com seu estilo bem característico, Paulo vai retratar os personagens que fazem parte da história da pista e Barnero vai completar com seus pássaros e cores vibrantes. O projeto é grandioso, é como se cada um pintasse vários quadros em uma só grande tela. A promessa deles é entregar a pista pronta até o verão.


A relação da sua arte com o skate é uma associação natural. Ele desenha desde pequeno e aos 14 anos começou a andar sobre quatro rodinhas. Foi skatista profissional até a metade dos anos 90, viajando por todo o Brasil fazendo apresentações - na época bem mais comuns que a realização de campeonatos. Para ele, além de um esporte o skate também é um exercício de criatividade. Em cada manobra, cada shape, em cada estilo de se vestir, uma forma de expressão. Cursou Design Gráfico em Sao Paulo e trabalhou no departamento de criação de diversas marcas de skate. O bom relacionamento ainda rende alguns trabalhos para antigos clientes, mas no momento direciona toda sua atenção aos desenhos que cria diariamente, às vezes vários ao mesmo tempo.


Florianópolis foi paixão à primeira vista e desde 1997 Barnero escolheu a Ilha para viver e pintar. Tem quadros pendurados nas paredes da Austrália, Polônia, Finlândia, Canadá e Japão. Mas os planos para viajar e expor seu trabalho começam em 2011. E assim o skatista com alma de arteiro segue desenhando exatamente o que gostaria de ser: um pássaro mensageiro da paz e da alegria.





Para conhecer mais sobre o trabalho de Marcelo Barnero, acesse: www.myspace.com/marcelobarnero

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

THE ECOLOGY CENTER

ESTRATÉGIAS PARA SALVAR O PLANETA
texto publicado na revista LEVEL, outubro 2010
por Manu Scarpa



AGRICULTURA ORGÂNICA


O alimento orgânico é muito mais que um produto sem agrotóxico, é resultado de um cultivo consciente que procura equilibrar todos os recursos naturais. Segundo uma análise realizada pela Universidade de São Paulo (USP), esses alimentos podem conter até cinco vezes mais proteínas e vitaminas que os produzidos na forma convencional. Mas escolher produtos orgânicos vai além do cuidado com a saúde. Essa escolha contribui também para a preservação do meio ambiente.

Um estudo divulgado pelo Journal of Agriculture and Environmental Ethics calculou que somente 0,1% dos pesticidas aplicados nas plantações alcançam o alvo, ou seja, as pragas. Os outros 99,9% tem impacto na terra e nas plantas. O princípio da agricultura orgânica é eliminar qualquer processo químico e utilizar apenas métodos naturais de adubação e controle de pragas. O resultado são alimentos mais saudáveis e um solo protegido para futuras gerações.

O padrão agroalimentar que utiliza insumos químicos teve inicio após a Segunda Guerra Mundial e tinha como objetivo produzir muito e barato. Esse sistema funcionou bem para suprir as necessidades econômicas dos países envolvidos no conflito. No entanto, quantidade não garante qualidade e o uso de agrotóxicos começou a ser questionado por especialistas e consumidores.

De acordo com a Secretaria do Comércio Exterior, entre 2006 e 2008 o Brasil exportou aproximadamente 30 mil toneladas de produtos orgânicos, desde café, passando por açúcar, frutas, derivados de soja, entre outros. O mercado mundial de orgânicos movimenta cerca de US$ 23,5 bilhões de dólares por ano e inclui produtos frescos, processados, industrializados e até artigos pessoais produzidos com matéria prima obtida de maneira orgânica. Japão, Suíça, União Européia, Austrália e Brasil são países que já adotaram programas e padrões para regular essa atividade.

Nos Estados Unidos esse movimento também ganha força a cada ano. De acordo com o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA), a exigência do consumidor cresceu 20% anualmente desde 1990. Em 2005 foi a primeira vez em que todos os 50 estados cultivaram algum algum produto orgânico registrado. É comum hoje encontrar feiras de rua onde pequenos produtores vendem frutas e verduras de produção própria. Os preços ainda estão longe de competir com os grandes supermercados, mas os benefícios para quem consome são incomparáveis.


THE ECOLOGY CENTER


Em San Juan Capistrano, cidade situada no sul da Califórnia, existe um centro de educação ecológica (The Ecology Center) que ensina teoria e prática de como viver em harmonia com o espaço natural que nos rodeia. A sede é localizada na casa de madeira mais antiga da cidade, conhecida como Congdon House por pertencer a um antigo cavaleiro chamado Joel Congdon. Ele construiu a casa para sua família em 1878, onde viveram muitas gerações. Recentemente o governo municipal comprou a casa como forma de preservar a história de San Juan Capistrano.

Hoje, 130 anos depois, o Centro de Ecologia deu um novo sentido para esse patrimônio histórico. A casa mantém suas características originais e tem um amplo espaço verde ao redor onde existe uma admirável plantação orgânica com os mais variados tipos de verduras e legumes. A fazenda existe desde 1950 e a partir de 1988 o produtor George Kibby passou a desenvolver agricultura orgânica. Hoje existe um programa que distribui alimentos frescos para 400 famílias da região. E foi o mesmo George que sugeriu e apoiou a formação do centro de ecologia neste espaço.


O centro foi criado em 2008 pelo agroecologista Evan Marks, que deseja um dia ver a agricultura moderna integrar-se com o sistema de cultivo orgânico. Para isso, ele faz a sua parte. Ensina pequenas atitudes que, inseridas no dia a dia, tem poder transformador. Um dos programas oferecidos pelo Centro é conhecido como Backyard Skills, ou Habilidades no Quintal. São dicas simples para tornar sua casa sustentável. O programa ainda inclui módulos de como fazer cerveja orgânica, design de jardim, como construir um sistema de compostagem, produtos de limpeza caseiros, entre outros.

Evan estudou Agroecologia na University of California, em Santa Cruz. Aplicou e ampliou seus conhecimentos também no Hawaii, Costa Rica, Peru, México, Gana e Nigéria, onde adquiriu experiência sobre design ecológico e agricultura sustentável. Hoje, como diretor executivo dessa organização sem fins lucrativos, ele promove ações para conscientizar a comunidade sobre problemas ambientais e soluções que estão ao nosso alcance.

O mais recente projeto é a exposição "Splash! How Good Water Works", criada para inspirar a reflexão sobre o mais precioso recurso natural: a água. Em parceria com a Hurley H2O e Zago, a exposição é gratuita e interage com os visitantes para mostrar a quantidade de água que um cidadão do sul da California consome diariamente. São mais de 1.800 galões (quase sete mil litros) envolvidos em atividades que utilizam água direta e indiretamente, desde escovar os dentes até apertar o interruptor para acender a luz. O foco da exposição – e do Eco Centro como um todo – é encorajar mudanças de comportamento.

Os bons exemplos estão por toda parte e nos Estados Unidos não é diferente. O conceito de alimentação está mudando aos poucos e é nosso papel apoiar e difundir ações que enxergam o homem e o meio ambiente como um só. "Desafie sua comunidade, projete uma solução envolvendo você e seus amigos, sinta paixão por fazer a diferença. We are part of the solution!", propõe Evan.

Para saber mais visite o site www.theecologycenter.org.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

revista level :: high content

Floripa precisava de uma revista assim. O próprio nome diz tudo. Outro level, outro nível, conteúdo de qualidade e muito bom gosto.
A frente do projeto está o publicitário Paulo Sperb Sefton, que já tem no currículo vários anos de experiência com direção de revista.
A level é grátis e já está circulando nas ruas e nos melhores points da ilha.

Primeira edição da revista level :: agosto 2010

Coquetel de lançamento da edição #01 :: Santa Maria Casa, SC 401

Segunda edição da revista level, outubro 2010 :: cada vez melhor

Coquetel para o lançamento da revista #02 :: Estação 261, Jurerê Internacional

level :: high content
EDITOR paulo sperb sefton
DIRETOR DE FOTOGRAFIA bruno maya
JORNALISTA RESPONSÁVEL manu scarpa
PROJETO GRÁFICO guilherme rosa
TIRAGEM 5.000
CONTATO levelrevista@gmail.com