sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

FLOR DO CERRADO

Matéria publicada na revista LEVEL #02, outubro 2010
Textos :: Manu Scarpa
Fotos :: André Gemmer




O cerrado brasileiro possui diversas formações vegetais, centenas de nascentes e cursos d'água e rochas com mais de um bilhão de anos. Essa riqueza biológica, localizada no centro-oeste do país, sofre constantemente com as queimadas durante o período de seca no inverno. Em busca de liberdade, paz e contato com este frágil ecossistema, o estudante de Florianópolis André Gemmer planejou uma viagem para a Chapada dos Veadeiros como tema do seu trabalho de conclusão de curso. O que era para ser mais uma pesquisa de universidade resultou em uma inesquecível experiência de vida.



Localizada ao norte do cerrado goiano (cerca de 230km de Brasília), a Chapada dos Veadeiros é o mais antigo patrimônio geológico da América do Sul. Formada há 1,8 bilhão de anos, a região quase sempre está no roteiro dos amantes do ecoturismo e impressiona os visitantes com uma beleza singular. Para preservar o local e regularizar o acesso de turistas e exploradores, em 1961 foi criado o "Parque Nacional da Chapada", localizado parte no município de Cavalcante e parte em Alto Paraíso, ambos no Estado de Goiás. Em 2001, o Parque foi declarado Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO.

O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e estende-se por oito estados do Brasil central. Com solo deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, mas a presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul favorece sua biodiversidade. Cachoeiras, rios, piscinas naturais, montanhas, canyons, minas de cristal e cerca de três mil espécies de plantas fazem parte desse santuário ecológico localizado a 1.600 metros de altitude. Animais em extinção como o veado-campeiro, o lobo-guará, a ema e o tucano de bico-amarelo são exemplos da fragilidade da natureza neste local.



O clima seco do último inverno provocou o alastramento de incêndios no cerrado, comuns nessa época - embora nem sempre por causas naturais. O forte calor na região alcançou 38˚C e em alguns locais foram mais de três meses sem chover. A chamada “combustão espontânea” é aceita como justificativa para o fogo que destruiu boa parte da vegetação neste ano, mas o descuido e o descaso ainda são os principais fatores que colocam em risco esta delicada vegetação brasileira. A técnica das queimadas ainda é a maneira preferida de preparar a terra para a agricultura e sua prática é bastante discutida. O fato é que o fogo sem controle devastou uma grande área da Chapada dos Veadeiros e este é um alerta para a preservação urgente do local.



EXPEDIÇÃO


O estudante de Mídias Eletrônicas, André Gemmer, saiu de Florianópolis com destino ao cerrado brasileiro para desenvolver seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A idéia era registrar em foto e vídeo as belezas do lugar, que ficou na memória de André desde sua primeira visita a Chapada dos Veadeiros em 2009. Durante 25 dias ele explorou a região através de suas lentes e conheceu pessoas que mudaram sua vida para sempre.


O que te motivou para fazer a viagem?
A vontade de produzir conteúdos audiovisuais relacionados ao meio ambiente, além de toda a tranquilidade que a natureza nos oferece como refugio do dia-a-dia da cidade. Desde 2009 tive a certeza que voltaria lá com uma filmadora e uma máquina fotográfica para registrar tamanha beleza natural na região central do Brasil.

O que foi diferente dessa vez?
Por eu estar fotografando e filmando tudo, observei e curti cada detalhe, desde a natureza como os próprios moradores da região. Fiz muitas amizades e fui muito bem recebido. Visitei locais que somente os nativos tem acesso. Foi uma experiência única, quero voltar diversas vezes.

Você produziu um pré-roteiro antes de viajar. O que manteve e o que mudou?
Fiz um breve roteiro com a idéia de onde iria em cada dia, porém quando cheguei lá tudo mudou. Estava acontecendo o X Encontro Cultural da Chapada dos Veadeiros, o que me fez mudar um pouco os planos para conhecer a cultura local. Além disso, no meio do caminho surgiu a idéia de fazer um documentário falando sobre questões ambientais como forma de conscientizar a população sobre a interação do ser humano com a natureza.

Você está sozinho nessa produção multimídia?
A produção multimídia na Chapada começou comigo, porém não é fácil fazer isso sozinho. Meu amigo Marcelo Leão, também parceiro em projetos paralelos, não pode participar da etapa da viagem, mas está dando uma força no trabalho de pós-produção. Além dele, muita gente colaborou. Minha namorada Fabricia fez quase todo o percurso comigo e uma amiga canadense que conheci durante a viagem está me ajudando a produzir o texto para o documentário.

Como formando do curso de Mídias Eletrônicas, como esse projeto te acrescenta?
Vejo como uma grande porta que está se abrindo para meu futuro profissional. Através dele quero desenvolver outros projetos com foco ecológico e tudo que envolve natureza e ser humano de forma harmoniosa.

Como você avalia o retorno do público?
O retorno começou ainda na Chapada, quando as pessoas demonstravam bastante interesse em saber o que eu estava fazendo com tantos equipamentos. O fato de estar produzindo um projeto com foco nas questões ambientais envolveu a comunidade local de forma bem positiva. Consegui estadia e alimentação na Vila São Jorge e todos já me conheciam como "o cara do filme". Quanto retornei para Florianópolis depois de 25 dias de viagem meu blog já registrava quase 13 mil visitas. Foi uma surpresa para mim.

Como você resumiria essa viagem?
Em quatro palavras: natureza, liberdade, amizade e paz. Aprendi muito, conheci muita gente. Uma experiência incomparável e única que me mostrou ainda mais o valor desses quatro elementos.

Alguns incêndios afetaram a região no inverno deste ano. Você que esteve por lá com um olhar mais atento, o que tem a dizer sobre isso?
Tenho acompanhado através da TV e da Internet, converso semanalmente com o pessoal de lá por e-mail e realmente é uma situação alarmante. Essa época do ano é muito seca, o clima é desértico com forte calor durante o dia e muito frio durante a noite. Os incêndios são queimadas que saíram do controle, provocadas pela ação do homem. Mas também faz parte do ciclo natural da região. Os cristais presentes nas rochas refletem o sol que queima pequenos galhos secos, o que resulta em grandes incêndios. Esse ano as queimadas estão muito mais intensas. É a natureza dando sinais de que é preciso respeitá-la.



segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O SKATISTA ARTEIRO :: Marcelo Barnero

texto publicado na revista SOLTO #61, novembro 2010
por Manu Scarpa
artwork Marcelo Barnero
>> leia a entrevista completa


O olhar tranquilo dos pássaros que o paulista Marcelo Barnero desenha é resultado de tudo o que acontece ao seu redor. Livre como um pássaro, ele expressa com pincel e muitas cores aquilo que coloca no liquidificador chamado cabeça. Desde 2005 Barnero se dedica a perseguir um dos dons que recebeu como presente, a arte de desenhar. Seus mestres, os elementos da natureza. Sua mensagem, levar bons sentimentos aos que param para apreciar o que ele tem para transmitir.


Sua primeira exposição aconteceu no final de 2007, em Florianópolis. Para além das galerias, Barnero também leva seus pássaros para o meio da rua. Geralmente ele reforma algum ponto deteriorado usando arte. Pode ser um muro, um orelhão, um fusca. Seu mais novo desafio é a pintura das paredes e da pista de skate na pousada Hi-Adventure, famoso bowl em Floripa que recebe importantes campeonatos. Marcelo Barnero divide a responsabilidade desta obra com o artista plástico Paulo Gouveia. Com seu estilo bem característico, Paulo vai retratar os personagens que fazem parte da história da pista e Barnero vai completar com seus pássaros e cores vibrantes. O projeto é grandioso, é como se cada um pintasse vários quadros em uma só grande tela. A promessa deles é entregar a pista pronta até o verão.


A relação da sua arte com o skate é uma associação natural. Ele desenha desde pequeno e aos 14 anos começou a andar sobre quatro rodinhas. Foi skatista profissional até a metade dos anos 90, viajando por todo o Brasil fazendo apresentações - na época bem mais comuns que a realização de campeonatos. Para ele, além de um esporte o skate também é um exercício de criatividade. Em cada manobra, cada shape, em cada estilo de se vestir, uma forma de expressão. Cursou Design Gráfico em Sao Paulo e trabalhou no departamento de criação de diversas marcas de skate. O bom relacionamento ainda rende alguns trabalhos para antigos clientes, mas no momento direciona toda sua atenção aos desenhos que cria diariamente, às vezes vários ao mesmo tempo.


Florianópolis foi paixão à primeira vista e desde 1997 Barnero escolheu a Ilha para viver e pintar. Tem quadros pendurados nas paredes da Austrália, Polônia, Finlândia, Canadá e Japão. Mas os planos para viajar e expor seu trabalho começam em 2011. E assim o skatista com alma de arteiro segue desenhando exatamente o que gostaria de ser: um pássaro mensageiro da paz e da alegria.





Para conhecer mais sobre o trabalho de Marcelo Barnero, acesse: www.myspace.com/marcelobarnero

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

THE ECOLOGY CENTER

ESTRATÉGIAS PARA SALVAR O PLANETA
texto publicado na revista LEVEL, outubro 2010
por Manu Scarpa



AGRICULTURA ORGÂNICA


O alimento orgânico é muito mais que um produto sem agrotóxico, é resultado de um cultivo consciente que procura equilibrar todos os recursos naturais. Segundo uma análise realizada pela Universidade de São Paulo (USP), esses alimentos podem conter até cinco vezes mais proteínas e vitaminas que os produzidos na forma convencional. Mas escolher produtos orgânicos vai além do cuidado com a saúde. Essa escolha contribui também para a preservação do meio ambiente.

Um estudo divulgado pelo Journal of Agriculture and Environmental Ethics calculou que somente 0,1% dos pesticidas aplicados nas plantações alcançam o alvo, ou seja, as pragas. Os outros 99,9% tem impacto na terra e nas plantas. O princípio da agricultura orgânica é eliminar qualquer processo químico e utilizar apenas métodos naturais de adubação e controle de pragas. O resultado são alimentos mais saudáveis e um solo protegido para futuras gerações.

O padrão agroalimentar que utiliza insumos químicos teve inicio após a Segunda Guerra Mundial e tinha como objetivo produzir muito e barato. Esse sistema funcionou bem para suprir as necessidades econômicas dos países envolvidos no conflito. No entanto, quantidade não garante qualidade e o uso de agrotóxicos começou a ser questionado por especialistas e consumidores.

De acordo com a Secretaria do Comércio Exterior, entre 2006 e 2008 o Brasil exportou aproximadamente 30 mil toneladas de produtos orgânicos, desde café, passando por açúcar, frutas, derivados de soja, entre outros. O mercado mundial de orgânicos movimenta cerca de US$ 23,5 bilhões de dólares por ano e inclui produtos frescos, processados, industrializados e até artigos pessoais produzidos com matéria prima obtida de maneira orgânica. Japão, Suíça, União Européia, Austrália e Brasil são países que já adotaram programas e padrões para regular essa atividade.

Nos Estados Unidos esse movimento também ganha força a cada ano. De acordo com o Departamento de Agricultura norte-americano (USDA), a exigência do consumidor cresceu 20% anualmente desde 1990. Em 2005 foi a primeira vez em que todos os 50 estados cultivaram algum algum produto orgânico registrado. É comum hoje encontrar feiras de rua onde pequenos produtores vendem frutas e verduras de produção própria. Os preços ainda estão longe de competir com os grandes supermercados, mas os benefícios para quem consome são incomparáveis.


THE ECOLOGY CENTER


Em San Juan Capistrano, cidade situada no sul da Califórnia, existe um centro de educação ecológica (The Ecology Center) que ensina teoria e prática de como viver em harmonia com o espaço natural que nos rodeia. A sede é localizada na casa de madeira mais antiga da cidade, conhecida como Congdon House por pertencer a um antigo cavaleiro chamado Joel Congdon. Ele construiu a casa para sua família em 1878, onde viveram muitas gerações. Recentemente o governo municipal comprou a casa como forma de preservar a história de San Juan Capistrano.

Hoje, 130 anos depois, o Centro de Ecologia deu um novo sentido para esse patrimônio histórico. A casa mantém suas características originais e tem um amplo espaço verde ao redor onde existe uma admirável plantação orgânica com os mais variados tipos de verduras e legumes. A fazenda existe desde 1950 e a partir de 1988 o produtor George Kibby passou a desenvolver agricultura orgânica. Hoje existe um programa que distribui alimentos frescos para 400 famílias da região. E foi o mesmo George que sugeriu e apoiou a formação do centro de ecologia neste espaço.


O centro foi criado em 2008 pelo agroecologista Evan Marks, que deseja um dia ver a agricultura moderna integrar-se com o sistema de cultivo orgânico. Para isso, ele faz a sua parte. Ensina pequenas atitudes que, inseridas no dia a dia, tem poder transformador. Um dos programas oferecidos pelo Centro é conhecido como Backyard Skills, ou Habilidades no Quintal. São dicas simples para tornar sua casa sustentável. O programa ainda inclui módulos de como fazer cerveja orgânica, design de jardim, como construir um sistema de compostagem, produtos de limpeza caseiros, entre outros.

Evan estudou Agroecologia na University of California, em Santa Cruz. Aplicou e ampliou seus conhecimentos também no Hawaii, Costa Rica, Peru, México, Gana e Nigéria, onde adquiriu experiência sobre design ecológico e agricultura sustentável. Hoje, como diretor executivo dessa organização sem fins lucrativos, ele promove ações para conscientizar a comunidade sobre problemas ambientais e soluções que estão ao nosso alcance.

O mais recente projeto é a exposição "Splash! How Good Water Works", criada para inspirar a reflexão sobre o mais precioso recurso natural: a água. Em parceria com a Hurley H2O e Zago, a exposição é gratuita e interage com os visitantes para mostrar a quantidade de água que um cidadão do sul da California consome diariamente. São mais de 1.800 galões (quase sete mil litros) envolvidos em atividades que utilizam água direta e indiretamente, desde escovar os dentes até apertar o interruptor para acender a luz. O foco da exposição – e do Eco Centro como um todo – é encorajar mudanças de comportamento.

Os bons exemplos estão por toda parte e nos Estados Unidos não é diferente. O conceito de alimentação está mudando aos poucos e é nosso papel apoiar e difundir ações que enxergam o homem e o meio ambiente como um só. "Desafie sua comunidade, projete uma solução envolvendo você e seus amigos, sinta paixão por fazer a diferença. We are part of the solution!", propõe Evan.

Para saber mais visite o site www.theecologycenter.org.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

revista level :: high content

Floripa precisava de uma revista assim. O próprio nome diz tudo. Outro level, outro nível, conteúdo de qualidade e muito bom gosto.
A frente do projeto está o publicitário Paulo Sperb Sefton, que já tem no currículo vários anos de experiência com direção de revista.
A level é grátis e já está circulando nas ruas e nos melhores points da ilha.

Primeira edição da revista level :: agosto 2010

Coquetel de lançamento da edição #01 :: Santa Maria Casa, SC 401

Segunda edição da revista level, outubro 2010 :: cada vez melhor

Coquetel para o lançamento da revista #02 :: Estação 261, Jurerê Internacional

level :: high content
EDITOR paulo sperb sefton
DIRETOR DE FOTOGRAFIA bruno maya
JORNALISTA RESPONSÁVEL manu scarpa
PROJETO GRÁFICO guilherme rosa
TIRAGEM 5.000
CONTATO levelrevista@gmail.com

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A pequena gigante

texto publicado no site waves, outubro 2010
por Manu Scarpa
fotos Marcelo Bolão

A pequena San Clemente, litoral sul da Califórnia, é considerada grande quando o assunto é o potencial das ondas. Com pouco mais de 65 mil habitantes, a última cidade do território Orange County recebe surfistas do mundo inteiro que fazem a cabeça nos diversos surf points que a região oferece. É lá que também estão localizados os escritórios das revistas norte-americanas Surfer, Surfing e Surfer's Journal.

A cidade respira surf. Basta andar na rua para sentir vontade de remar pro outside. Para quem procura paz e sossego, o clima tranquilo e o espírito de comunidade tornam este lugar ainda mais acolhedor. A vida noturna não oferece muitas opções, então a dica é acordar cedo para uma session logo pela manhã. Em setembro esse cenário muda um pouco quando San Clemente recebe uma das etapas do World Tour, a sexta do calendário da ASP. O evento é realizado em Lower Trestles, delírio de qualquer amante das ondas. Para chegar até a praia a caminhada é longa, mas quando o assunto é surf de qualidade todo esforço vale a pena.


Caminho para uppers, Trestles.

A temporada de verão no hemisfério Norte já terminou e registrou poucos dias de sol e calor. Em compensação, o comentário geral é de que este foi o ano com as melhores ondas durante a estação mais quente. San Clemente está na mira de swells de várias direções, mas sua localização é privilegiada para a ondulação de sul, sempre mais constante no verão.

De passagem pela Califórnia, o surfista profissional Vini Fornari resolveu fugir do frio do inverno no Rio Grande do Sul e aproveitou para fazer boas imagens enquanto treina para as competições. "Acho San Clemente um lugar especial. Ainda mais irado por ser o berço da onda mais famosa e desejada da Califórnia: lisa, tamanho ideal para qualquer tipo de manobra, longa e forte. Os bares e restaurantes da região sao todos muitos style, a maioria da galera que você vê nas ruas pega onda".

Vini Fornari, explosão em Trestles

Em companhia do amigo e também surfista profissional Michel Flores, os dois aproveitaram bons momentos durante o verão da Califa. Michel é natural de Balneário Camboriú, mas mora em San Clemente desde 2003. A principal razão da mudança com certeza foi a frequência das ondas em Trestles, onde ele pode checar o pico de bicicleta em apenas cinco minutos. Lugar perfeito para manter o ritmo entre os campeonatos que rolam no Sul da Califórnia.

Michel Flores na vertical

Em um desses abençoados fins de semana com sol e onda, Vini e Michel nao disperdiçaram tempo e literalmente passaram o dia inteiro dentro d'água. O resultado você vê nas fotos de Marcelo Bolão que ilustram essa reportagem.

State Park, pico sempre constante

Trestles para os dois lados

Amtrak train, pela costa da Califórnia de San Diego até San Francisco

T-street, clássico surfpoint crowdeado

San Clemente Pier, cartão postal


Clique aqui para ver a matéria no site waves.com.br

terça-feira, 7 de setembro de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

OUTRA CULTURA :: Entrevista A. Morelli



Entrevista para revista LEVEL: Alexandre Morelli
por Manu Scarpa

Floripa foi seu ponto de partida para o mundo. Não apenas literalmente, mas também o mundo da arte, da poesia e da fotografia. Alexandre Morelli nasceu e cresceu em Florianópolis, mas atualmente mora na Califórnia, Estados Unidos. No total já são oito anos longe da Ilha, que será sempre a sua casa. Frequentador da praia da Joaquina e filho de um dos ídolos dos torcedores avaianos na década de 60 - o centro-avante Coronel Morelli -, Alexandre segue o movimento que ajudou a criar: Outra Cultura. Um artista que coloca seus sentimentos em tudo o que faz. Ama surfar e faz do oceano foco de suas lentes. Escreve seus pensamentos num papel para tentar mudar o mundo, porque acredita que cada um tem que fazer a sua parte. Em San Diego onde mora, Morelli conversou com a revista LEVEL sobre a arte que ajuda a divulgar seu movimento cultural. São desenhos exclusivos pintados a mão ao longo da madrugada. Você vai conhecer agora a história além dessas camisetas que, com muito estilo, refletem sua maneira de pensar.

Morelli fotografando em Windansea, San Diego CA

Como e quando começou a estampar camisetas?
Comecei a pintar camisetas com 13 anos de idade. Minha primeira marca se chamava "Crazy Wave". Fiquei anos sem pintar e há dois anos atrás essa idéia voltou na minha cabeça. Como eu tinha criado um movimento artístico chamado "Outra Cultura" alguns anos antes, percebi que poderia divulga-lo através das camisetas.

Qual material você usa?
Basicamente qualquer roupa de algodão, hemp ou bambu e tinta dimensional para tecidos.

O que te inspira para criar os desenhos?
Surf, música, pessoas, culturas, lugares, artistas... Bem dizer tudo que passa diante dos meus olhos e chama minha atenção por algum motivo.

Quais artistas te influenciam?
Pessoas me influenciam mais que artistas em si. Rodrigo Viegas, Dada Figueiredo, meu irmão mais novo Guto Morelli, Andre Negão (in memoriam), Break e Neco Padaratz são amigos que fazem parte dessa lista. Mas existem inúmeros artistas underground de alta qualidade que posso citar. Roy Gonzales, Andy Howell, Shepard Faire, Nathan Fletcher, Dustin Huphrey. A obra "Guernica" de Pablo Picasso, em especial, é muito inspiradora.

Você criou o movimento Outra Cultura? Como e onde surgiu?
Surgiu no comeco da decada de 2000 na California, e não sei bem porque. Acho que foi uma porta que eu abri para deixar aflorar novas idéias que estavam acumulando na minha cabeça. Foi quando, juntamente com Isabela Pinto, nasceu a idéia de fazer o livro "Transcendendo Estereotipos", que vai ser lancado em breve no Brasil com outro título.



O que é o movimento "Outra Cultura"?
O movimento Outra Cultura é uma rede de trabalho formada por agitadores globais. Artistas, surfistas, idealistas, neo-liberais, poetas, filósofos, clubbers, fotógrafos, viajantes. Nossa meta é abalar as estruturas e fazer com que a maioria re-pense sobre o jeito de viver nesse novo milênio. Nós queremos mudar a maneira como as informações circulam. Nós queremos paz. Queremos mudar o jeito de se alimentar, inventar moda. Mudar as agendas, eliminar rotinas. Acima de tudo, este movimento quer mudar o jeito que interagimos com os meios de comunicação de massa, e o que isso representa na nossa sociedade.

Como você define sua arte?
Anarquista dentro de um novo Renascimento. Ou algo como "Paxionismo".

Quem são os clientes?
Todas as pessoas para quem pintei uma camiseta são especiais para mim independente de ser famoso ou não. Neco Padaratz, Agobar Jr., Saulo e Xande Ribeiro, Xandinho Fontes, Guto Morelli, Guruba, Felipe Malta, Pinho Menezes, Manu Scaarpaa, Ana Vicente, meu afilhado Zion Padaratz, Marina Furlan, Andy Nakamura, Jeremy Black, Debora Serrano, Lorraine Medeiros, Ana Cardoso entre muitos outros.

O que voce começou a fazer primeiro: foto, poesia ou desenho? Em que sequência?
Comecei desenhando desde de que me dei conta que era gente. Com 3 anos de idade meus desenhos já impressionavam. Ganhei vários concursos quando ainda estava no primário. Na adolescência veio a poesia, e com 18 comecei a escrever um livro sobre uma maneira diferente de ver a vida. Depois comecei a filmar, filmava surf todos os dias na praia da Joaquina. Tenho muito material de varios surfistas profissionais no final da decada de 90, como Neco Padaratz, Guga Arruda, Rodrigo Viegas, Fabricio Machado, Marco Polo, Andreas Eduardo. Em 2001, quando me mudei pra California, comecei a fotografar inspirado pelo Neco - que na epoca me emprestou uma câmera Minolta com uma lente de 300mm. Desenhei também muitas tatuagens para várias pessoas e pintei telas para decoração de festas de música eletrônica.

Quem é Alexandre Morelli?
Um Zé Ninguém. Um louco que mau consegue viver em sociedade. Um artista/surfista da praia da Joaquina que saiu pelo mundo para ir atrás daquilo que não sabe bem o que é, mas sabe que é dele.

Por que Califórnia?
Boa pergunta. Nem eu sei. Acho que é meu destino. Eu morei na Nova Zelândia, Austrália e Indonésia antes de mudar para cá. Eu ouvia histórias, via nas revistas e filmes, mas acho que o maior incentivo foi quando meu grande amigo Break se mudou pra Califórnia.

Para você, qual a diferença entre Floripa e Califa?
O meu mundo parece ficar mais amplo na Califórnia. Mais oportunidades e mais acesso a tudo. Mas em Floripa é onde estão minhas raízes, onde eu nasci, cresci. Onde eu tenho meus imóveis. Onde eu tenho minha família e meus amigos. E isso é mais importante do que qualquer outra coisa no mundo.

Depois de oito anos longe de Floripa, qual é a sua impressão?
Muita saudade da Ilha, mas um receio de voltar e não encontrar aquilo que eu deixei para trás. Todo mundo que vem me visitar diz que já não é mais a mesma coisa, que a Ilha perdeu sua identidade.

Você tem um blog, como faz para alimentar seus leitores de Floripa e da Califa ao mesmo tempo?

Tenho seguidores no Brasil que reclamam quando escrevo em inglês. É difícil agradar todo mundo. Mesmo porque eu não faço o blog pra agradar ninguém. Já pensei em traduzir os textos, mas perde a essência.

Como fotógrafo, qual sua característica principal? O que gosta de fotografar?
Eu não gosto do mundo digital. Sou mais orgânico. Custe o que custar prefiro usar rolo de filme. Também não gosto muito do auxílio de flashes e tripés. Quanto mais cru, melhor. Fotografia é luz e cor. Se se o filme for preto e branco, é pura luz. Fotografar surf é posicionamento e concentração máxima. Eu gosto muito de trabalhar com lente de 300mm e poucas vezes sinto falta de 600 ou 800mm.

Qual seu diferencial?
Não sei. Talvez o jeito que eu vejo as coisas. Talvez seja o equipamento errado para determinadas situações. Ou talvez seja o meu jeito de ser, fazendo tudo da minha maneira, mudando a ordem certas das coisas para fazer os outros re-analisarem as regras.

Quantos livros ja produziu?
Ja produzi vários livros, mas pra ser publicado comercialmente apenas um. O titulo original é "Transcendendo Estereótipos", mas vai ser lançado com outro nome por uma decisão em conjunto com os editores.

Sobre o que trata o livro?
O livro "Transcendendo Estereótipos" é uma experiência visual e literária de um estilo de vida. Ilustrado com fotos de 300mm, explora o mundo do surf e o espírito artístico que envolve este esporte. Eu considero enigmático e inovador, que captura a essência da arte de surfar e as pessoas que fazem isso por amor.

Qual sua rotina de trabalho artístico? (Produção de camisetas, desenhos, poesia, fotos, textos para o blog).
Nenhuma rotina. A regra principal do movimento "Outra Cultura" é trabalhar sem regras. Mas, em termos de ritual, eu produzo quase tudo na calada da noite. Um bom vinho, boa musica ou as vezes simplesmente o completo silêncio.

UM LUGAR - Praia da Joaquina
UMA COR - Escura
UM SOM - Pesado
UMA IMAGEM - Sol e mar com ondas perfeitas
UMA FRASE - Enfrente o medo, pois atrás dele esta seu paraiso interior
UM SALVE - AVAI uh... AVAI uh... AVAI uh...
UM DIA - Vou morar em Floripa novamente e ver todos os meus amigos reunidos ao meu redor
TRÊS DESEJOS - Saúde, uma mulher, um filho.







(conheça mais sobre o trabalho de Alexandre Morelli através do blog outracultura-california.blogspot.com)

Cobertura COPA 2010 :: Califórnia

Cobertura dos jogos do Brasil na Copa do Mundo 2010.
Los Angeles e San Diego, Califórnia USA.
Produção: Manu Scarpa e Luciana Franchini
Reportagem: Luciana Franchini
Imagens e edição: Manu Scarpa
Realização: RIC Record

4 elementos :: AR

Por Manu Scarpa

A emotion apresenta uma série de quatro capítulos que vai abordar as energias renováveis através dos quatro elementos da natureza: Terra, fogo, água e ar.
Para os gregos e para a maior parte das tradições ocidentais, os elementos transformam-se entre si, e então formam tudo que existe no universo. Nosso corpo, o ambiente em que vivemos ou nossos chakras podem ser explicados através desses elementos.
Nesta série, vamos mostrar como os quatro elementos tornam-se cada vez mais importantes quando o assunto é aquecimento global; Como obter energia através da terra, do fogo, da água e do ar; E quais os métodos de menor impacto ambiental. O mundo hoje já enxerga as energias renováveis como necessidade do presente, deixando de lado questões políticas e financeiras para tentar salvar o planeta.


AR
Ar é o nome da mistura de gases presentes na atmosfera da Terra. Para a astrologia o ar está diretamente ligado com a mente, o pensamento e o espírito. Para as energias renováveis, o ar é representado pela força dos ventos.

Os ventos são massas de ar em movimento, que através da diferença de temperatura entre os pólos e o centro do planeta circulam na forma de correntes. Quem surfa sempre monitora a direção do vento na hora de escolher o pico certo onde vai estar quebrando a onda mais perfeita.

A força dos ventos é capaz de transferir energia para água. Dependendo da intensidade pode resultar apenas em um movimento desordenado na superfície ou em ondas oceânicas que viajam quilômetro para enfim promover a alegria dos surfistas ao redor do mundo.

foto Marinna Piccoli, floripa

VENTO

O vento impulsionou importantes descobertas marítimas e foi, por muito tempo, o principal combustível para movimentar as caravelas dos antigos navegadores.

Os antigos moinhos de vento, com primeiros registros históricos no século dez, já apostavam nesta força da natureza para bombear água ou para moer grãos. Grandes hélices captam a energia do vento e fazem girar uma engrenagem que produz energia mecânica.

Hoje, muitos séculos depois, o mesmo princípio de utilizar a força dos ventos ganhou ares de modernidade, com torres de até 80 metros de altura e turbinas capazes de gerar eletricidade.


ENERGIA EÓLICA
O termo eólico vem do latim aeolicus. Éolo é Deus do Vento na mitologia grega. Entre as várias fontes possíveis de se conseguir energia elétrica sem agredir o meio ambiente, a energia eólica é considerada uma das mais eficazes.

A energia dos ventos é uma das grandes apostas para os problemas energéticos e ambientais que o planeta já começou a enfrentar. O Relatório da Associação Mundial de Energia Eólica aponta que em 2008, 1% de toda eletricidade global vem da força dos ventos. Parece pouco, mas esta energia, atualmente produzida em mais de 70 países, já representa 40% da energia consumida em algumas regiões.

A energia eólica para gerar eletricidade é explorada pela Alemanha há 20 anos e se espalhou pela Europa. A Espanha hoje é um dos países com maior quantidade de parques eólicos em operação – são cerca de 500; E a Dinamarca se destaca como maior produtor de aerogeradores.

Segundo os especialistas, o Brasil tem o maior potencial de produção eólica da América Latina. De acordo com o Atlas Eólico Brasileiro, o país tem potencial para gerar 143 GW a partir do vento – o equivalente à potência instalada de dez usinas hidrelétricas de Itaipu.

O estado do Ceará é o principal destaque na geração de energia eólica no Brasil, como o estado com maior potencial de ventos a ser explorado.

Santa Catarina participa do cenário nacional na geração de energia eólica. O estado já possui três usinas consolidadas: O Parque Eólico do Horizonte e a Eólica Água Doce, ambas localizadas no município de Água Doce, no meio oeste catarinense; e o Parque Eólico em Bom Jardim da Serra, localizado no Planalto Serrano.

O Parque Eólico de Osório no Rio Grande do Sul, inaugurado em 2006, é o maior da América Latina e o sexto maior do mundo.


CURIOSIDADES

Aerogerador é o nome do equipamento que transforma a energia do vento em energia elétrica. É um gerador elétrico movido por uma hélice, que por sua vez é movida pela força do vento e gera energia mecânica. O gerador elétrico aproveita a rotação mecânica do eixo para gerar eletricidade.

Paraíso dos surfistas, o arquipélago de Fernando de Noronha (PE) recebeu em 1992 a primeira turbina eólica do país para geração de eletricidade. Com 23 metros de altura e um gerador de 75 KW, sozinha a turbina produzia energia elétrica correspondente a 10% da geração total da ilha – que antes só contava com um gerador movido a diesel.


ALTOS E BAIXOS DA ENERGIA EÓLICA

Sobe
Não emite poluentes
Baixo custo de manutenção;
Retorno financeiro em curto prazo;
O vento é o combustível, uma fonte inesgotável.


Desce
Alto custo para instalação;
Altera a paisagem com suas torres e hélices gigantescas;
Pode comprometer a rota de migração dos pássaros;
Emite ruído de baixa frequência.


sábado, 28 de agosto de 2010

4 elementos :: TERRA

por Manu Scarpa

Os quatro elementos da natureza são ferramentas extremamente úteis para compreensão física e psicológica do ser humano. São também os principais fornecedores da matéria-prima capaz de gerar energia de forma diferente das que tradicionalmente conhecemos. Nesta segunda reportagem da série 4 Elementos vamos abordar como a TERRA participou da evolução energética do nosso planeta e como ela está ajudando a produzir uma energia mais limpa e renovável.
 
TERRA
Desde que o homem descobriu o carão mineral e o petróleo nas profundezas da terra, a globalização virou realidade. O homem começou a viajar pelo mundo com muito mais agilidade que as antigas caravelas. Trens, aviões, ônibus e carros entraram no cotidiano das pessoas. Qualquer um podia conhecer ou viver em outro continente. As fábricas ganharam impulsos para seus equipamentos. O que se produzia já podia ser enviado para qualquer lugar do mundo. Mas o que moveu e até hoje move esses transportes e máquinas? Combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo.

A palavra petróleo vem do latim "óleo de pedra", que explica uma das teorias de sua formação. A mais aceita delas é que o petróleo surgiu através de restos orgânicos de animais e vegetais que foram depositados no fundo de lagos e mares recebendo pressão e calor ao longo de milhares de anos. O carvão mineral passa por processo parecido, e tem sua origem nos resíduos de vida vegetal das densas florestas que cobriram a Terra há milhões de anos. Na metade do século XIX essas duas fontes já tinham grande importância na sociedade mundial.

A queima de uma ou de outra libera para atmosfera gases poluentes, ainda assim até hoje essas fontes são utilizadas com intensidade. Esse excesso é devolvido pela natureza na forma de mudanças climáticas e isso já uma realidade bem próxima de nós, comprovada pelos últimos desastres naturais. Por essas e outras razões, especialistas foram em busca de soluções e viram com outros olhos o potencial da agricultura para gerar energia térmica, mecânica e elétrica. O resultado foi o desenvolvimento de tecnologias que vão além da geração de energia e estão voltadas também para conservação do meio ambiente.
 



BIOMASSA

O termo biomassa pode ser compreendido de duas maneiras. Do ponto de vista da biologia, que é qualquer matéria viva existente no planeta; Ou do ponto de vista da geração de energia, que são os resíduos recentes de organismos vivos. Um exemplo simples é a madeira, que usada na forma de lenha é fonte de luz e calor. Para que essa utilização seja sustentável e não poluente, é preciso plantar árvores no lugar das que foram extraídas. Só assim a natureza é capaz de absorver os gases causadores do efeito estufa através da fotossíntese, com a vantagem de que sempre haverá novas árvores para obter mais lenha.

Os resíduos agrícolas também são matéria-prima para gerar energia. O bagaço da cana-de-açúcar, serragem de madeira e palha de arroz são alguns exemplos. A partir da queima desses resíduos é possível movimentar a própria indústria que os descarta. O racionamento de energia em 2001 impulsionou as usinas produtoras de açúcar e álcool a reconsiderar os resíduos da cana. O rejeito dessa produção antes era considerado um problema para os usineiros, pois o descarte se acumulava sem utilidade ou era queimado sem aproveitar essa energia.

A queima da biomassa em caldeiras ou fornos aproveita o que naturalmente poluiria a natureza. Se encarada com comprometimento, a biomassa pode gerar vapor e eletricidade capazes de abastecer cidades inteiras. Lembrando que ela só será um recurso totalmente limpo se o consumo for equivalente a reposição dos recursos disponíveis.
 


BIOCOMBUSTÍVEIS
Recentes estudos sobre os impactos causados pelos combustíveis fósseis, como o petróleo, contribuíram para a difusão dos biocombustíveis em todo o mundo. Os mais comuns são o etanol, o biodiesel e o biogás. Para compreender melhor, vamos utilizar como exemplo a cana-de-açúcar. Da cana se produz o álcool etanol. O que sobra desse processo é o bagaço da cana, ou biomassa, e sua queima gera energia capaz de movimentar máquinas.

Nosso país é hoje o maior produtor mundial de etanol, que quando utilizado como combustível em automóveis representa uma alternativa para a gasolina. Se 10% da gasolina do mundo tivesse álcool em sua formulação, mais de 500 milhões de toneladas de CO2 deixariam de ser emitidos por ano, o que equivale a 1 milhão de árvores em pé. Entretanto, o álcool etanol não resolve o problema da dependência do petróleo, porque fica restrito aos automóveis de passeio. Caminhões, vans, embarcações e alguns geradores, precisam do óleo diesel para ativar seus motores.

Uma invenção brasileira surge como opção renovável para esses casos: o biodiesel. Desenvolvido na década de 70 pelo engenheiro químico cearense Expedito Parente, o biodiesel pode ser produzido a partir óleos vegetais, gordura animal, óleos e gorduras residuais. Cultivos como soja, girassol, dendê e mamona são exemplos de plantas capazes de produzir óleos, cultivadas em diferentes regiões do país. Os biocombustíveis proporcionam uma combustão muito mais limpa, porque emitem menos poluentes para atmosfera e são fonte inesgotável, considerando o curto espaço de tempo para cultivar as plantas.
 
MÃE TERRA
Todas as milenares culturas consideravam a Terra como berço da vida e valorizavam sua existência com o máximo de respeito. Povos indígenas e as sociedades pré-industriais sabiam que a natureza é generosa e devolve em abundante proporção todo amor praticado em seu nome. O paradoxal progresso científico e tecnológico nos obriga a pensar e escolher quais valores desejamos ver preservados e entregues para as gerações futuras.

4 elementos :: FOGO

por Manu Scarpa

Muitas culturas no mundo inteiro incluem os quatro elementos nas suas tradições filosóficas, religiosas ou mitológicas. Em todas elas, os elementos são considerados não como símbolos ou conceitos abstratos, mas como energia vital que compõe toda a criação. Eles correspondem, por exemplo, às necessidades básicas de qualquer organismo vivo. Diariamente precisamos de água, ar, alimento (terra) e calor (fogo). Nesta terceira reportagem da série 4 Elementos, vamos saber como o fogo é capaz de fornecer um dos tipos de energia renovável mais difundido em todo o planeta: a energia solar.

FOGO
Historicamente o fogo tem participação fundamental na evolução da humanidade. Quando o homem descobriu que poderia aquecer seus alimentos, moldar objetos, afastar predadores e aproveitar o período norturno, passou a usar esse recurso ao seu favor. Cientificamente, o fogo é uma mistura de gases em alta temperatura que emite radiação e é formado através da combustão. Em sua forma mais comum, pode provocar incêndios devastadores pelo alto potencial de causar dano físico através da queima.

Talvez seja esse o motivo que a astrologia atribui ao elemento fogo a representação da força do espírito, do idealismo, da fé e do entusiasmo com que nos apaixonamos pela. Os signos regidos por este elemento (Áries, Leão e Sargitário) tem em comum a vitalidade, a espontaneidade, a alegria de viver e uma confiança quase infantil no destino.

SOL
Centro do sistema solar em que vivemos, o Sol está cerca de 150 milhões de quilômetros distante de nós. A luz solar demora aproximadamente 8 minutos e 18 segundos para tocar a Terra. A teoria mais aceita sobre a sua formaçao é que originou-se de uma gigantesca nuvem de gases e poeira que inexplicavelmente se aglomerou em grandes blocos. Essa é também a explicação encontrada para a formação de todo o universo. Especialistas estimam que existem mais de 100 milhões de estrelas com características semelhantes ao sol na Via Láctea. É a estrela mais próxima de nós e ao seu redor giram planetas, asteroides, satélites, cometas e planetas-anões.

Assim como a Terra gira ao seu redor, o Sol tamém está em órbita com o centro da Galáxia. Para dar uma volta completa, o ano solar leva aproximadamente 200 milhões de anos terrestres. Calculos comprovam que o Sol já realizou cerca de 22 voltas completas ao redor da Via Láctea, o que lhe confere 4.6 bilhões de anos.


ENERGIA SOLAR

Direta ou indiretamente, todos nós utilizamos energia solar. Sua luz e calor permitem toda a vida existente no planeta Terra. O ar que respiramos depende desta força da natureza, que através das plantas proporciona um ambiente rico em oxigênio. O Sol é responsável pela temperatura, pela evaporação e por muitos processos biológicos que ocorrem em plantas e animais. A energia do Sol também é responsável pelos fenômenos meteorológicos e pelo clima na Terra. Os alimentos que cultivamos armazenam a luz solar na forma de glicose, ingerida por nós como uma das principais fontes energéticas para o funcionamento do nosso corpo.

Por ano, o Sol irradia o equivalente a 10 mil vezes a energia consumida pela popula
ção mundial no mesmo período. Em comparação com outras fontes, a energia solar ganha pontos por suas características: é abundante, renovável e tem mínimo impacto ambiental. O aproveitamento da energia solar começou em 1959 nos EUA, como forma de geração de energia elétrica para os satélites.

A energia solar pode ser dividida em dois grupos: energia solar térmica e energia solar fotovoltaica.

FOTOVOLTAICA

A energia solar fotovoltaica permite transformar a energia do sol em energia elétrica. A luz do sol incide sobre painéis compostos por células de material semicondutor, promovendo o deslocamento de elétrons. O movimento dos elétrons gera uma corrente elétrica. A energia solar fotovoltaica ainda é considerada cara, pois o principal elemento que compõe os painéis solares ainda é totalmente importado, o silício. Há alguns anos, países da Europa dedicam seus estudos para acelerar o acesso às vantagens dos sistemas fotovoltaicos.

Privilegiado pela alta incidência de insolação em seu território, o Brasil começa a prestar mais atenção nesta força da natureza. A Universidade Federal de Santa Catarina em parceria com a INFRAERO elaborou o projeto chamado Aeroportos Solares. O aeroporto de Florianópolis está entre os beneficiados e será independente ou completamente auto-suficiente em energia, com geração solar integrada a ele. Estima-se que até 2013 algumas regiões do Brasil terão preços competitivos entre a energia fotovoltaica e a energia convencional.

TÉRMICA
Diferente da energia solar fotovoltaica, a energia solar térmica tem preços bastante acessíveis por possuir uma tecnologia mais simples. Quando a luz do sol atinge uma superfície escura, ela é absorvida e transformada em calor. Esse princípio é utilizado nos aquecedores solares, que utilizam essa energia para aquecer água. Mais de 90% das habitações da região Sul e Sudeste no Brasil usam chuveiro elétrico no aquecimento de água para banho. Esse é um uso insustentável, pois utiliza uma energia de alta qualidade para um uso que poderia ser feito de outra maneira, além de promover um sério desgaste do meio ambiente.

O sistema de aquecimento de água através do sol pode ser instalado em qualquer residência para reduzir o consumo de energia elétrica, sobretudo nas grandes cidades. Existem diversos tipos de coletores solares térmicos. Mas um em especial, desenvolvido em solo catarinense, tem uma preocupação que vai além do conceito de geração de energia. É o caso do aquecedor solar térmico que utiliza materiais descartáveis como garrafas PET e caixas de leite longa vida. O que muda são as garrafas e as caixinhas de leite que substituem o vidro, a caixa metálica e o painel de absorção nos aquecedores convencionais. Em uma residência onde vivem quatro pessoas, o sistema instalado custa em torno de 400 reais.

ASTRO REI
Sol é luz, vida e calor. A luz é o símbolo do conhecimento, sua busca pela realização, sua capacidade criadora, sua verdadeira individualidade. Ele é consultado para se conhecer sobre as influências que cada pessoa exercerá em suas realizações durante a vida, sobre suas possibilidades de brilho e de sucesso. Muitas das antigas civilizações viam nele a representação máxima da divindade e o disco solar era chamado de "olho do Deus".