sábado, 28 de agosto de 2010

4 elementos :: TERRA

por Manu Scarpa

Os quatro elementos da natureza são ferramentas extremamente úteis para compreensão física e psicológica do ser humano. São também os principais fornecedores da matéria-prima capaz de gerar energia de forma diferente das que tradicionalmente conhecemos. Nesta segunda reportagem da série 4 Elementos vamos abordar como a TERRA participou da evolução energética do nosso planeta e como ela está ajudando a produzir uma energia mais limpa e renovável.
 
TERRA
Desde que o homem descobriu o carão mineral e o petróleo nas profundezas da terra, a globalização virou realidade. O homem começou a viajar pelo mundo com muito mais agilidade que as antigas caravelas. Trens, aviões, ônibus e carros entraram no cotidiano das pessoas. Qualquer um podia conhecer ou viver em outro continente. As fábricas ganharam impulsos para seus equipamentos. O que se produzia já podia ser enviado para qualquer lugar do mundo. Mas o que moveu e até hoje move esses transportes e máquinas? Combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo.

A palavra petróleo vem do latim "óleo de pedra", que explica uma das teorias de sua formação. A mais aceita delas é que o petróleo surgiu através de restos orgânicos de animais e vegetais que foram depositados no fundo de lagos e mares recebendo pressão e calor ao longo de milhares de anos. O carvão mineral passa por processo parecido, e tem sua origem nos resíduos de vida vegetal das densas florestas que cobriram a Terra há milhões de anos. Na metade do século XIX essas duas fontes já tinham grande importância na sociedade mundial.

A queima de uma ou de outra libera para atmosfera gases poluentes, ainda assim até hoje essas fontes são utilizadas com intensidade. Esse excesso é devolvido pela natureza na forma de mudanças climáticas e isso já uma realidade bem próxima de nós, comprovada pelos últimos desastres naturais. Por essas e outras razões, especialistas foram em busca de soluções e viram com outros olhos o potencial da agricultura para gerar energia térmica, mecânica e elétrica. O resultado foi o desenvolvimento de tecnologias que vão além da geração de energia e estão voltadas também para conservação do meio ambiente.
 



BIOMASSA

O termo biomassa pode ser compreendido de duas maneiras. Do ponto de vista da biologia, que é qualquer matéria viva existente no planeta; Ou do ponto de vista da geração de energia, que são os resíduos recentes de organismos vivos. Um exemplo simples é a madeira, que usada na forma de lenha é fonte de luz e calor. Para que essa utilização seja sustentável e não poluente, é preciso plantar árvores no lugar das que foram extraídas. Só assim a natureza é capaz de absorver os gases causadores do efeito estufa através da fotossíntese, com a vantagem de que sempre haverá novas árvores para obter mais lenha.

Os resíduos agrícolas também são matéria-prima para gerar energia. O bagaço da cana-de-açúcar, serragem de madeira e palha de arroz são alguns exemplos. A partir da queima desses resíduos é possível movimentar a própria indústria que os descarta. O racionamento de energia em 2001 impulsionou as usinas produtoras de açúcar e álcool a reconsiderar os resíduos da cana. O rejeito dessa produção antes era considerado um problema para os usineiros, pois o descarte se acumulava sem utilidade ou era queimado sem aproveitar essa energia.

A queima da biomassa em caldeiras ou fornos aproveita o que naturalmente poluiria a natureza. Se encarada com comprometimento, a biomassa pode gerar vapor e eletricidade capazes de abastecer cidades inteiras. Lembrando que ela só será um recurso totalmente limpo se o consumo for equivalente a reposição dos recursos disponíveis.
 


BIOCOMBUSTÍVEIS
Recentes estudos sobre os impactos causados pelos combustíveis fósseis, como o petróleo, contribuíram para a difusão dos biocombustíveis em todo o mundo. Os mais comuns são o etanol, o biodiesel e o biogás. Para compreender melhor, vamos utilizar como exemplo a cana-de-açúcar. Da cana se produz o álcool etanol. O que sobra desse processo é o bagaço da cana, ou biomassa, e sua queima gera energia capaz de movimentar máquinas.

Nosso país é hoje o maior produtor mundial de etanol, que quando utilizado como combustível em automóveis representa uma alternativa para a gasolina. Se 10% da gasolina do mundo tivesse álcool em sua formulação, mais de 500 milhões de toneladas de CO2 deixariam de ser emitidos por ano, o que equivale a 1 milhão de árvores em pé. Entretanto, o álcool etanol não resolve o problema da dependência do petróleo, porque fica restrito aos automóveis de passeio. Caminhões, vans, embarcações e alguns geradores, precisam do óleo diesel para ativar seus motores.

Uma invenção brasileira surge como opção renovável para esses casos: o biodiesel. Desenvolvido na década de 70 pelo engenheiro químico cearense Expedito Parente, o biodiesel pode ser produzido a partir óleos vegetais, gordura animal, óleos e gorduras residuais. Cultivos como soja, girassol, dendê e mamona são exemplos de plantas capazes de produzir óleos, cultivadas em diferentes regiões do país. Os biocombustíveis proporcionam uma combustão muito mais limpa, porque emitem menos poluentes para atmosfera e são fonte inesgotável, considerando o curto espaço de tempo para cultivar as plantas.
 
MÃE TERRA
Todas as milenares culturas consideravam a Terra como berço da vida e valorizavam sua existência com o máximo de respeito. Povos indígenas e as sociedades pré-industriais sabiam que a natureza é generosa e devolve em abundante proporção todo amor praticado em seu nome. O paradoxal progresso científico e tecnológico nos obriga a pensar e escolher quais valores desejamos ver preservados e entregues para as gerações futuras.

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