terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O que os olhos não veem o paladar não sente

Recentemente um amigo sugeriu o link de um vídeo que circula na internet: Meet your Meat, que se traduz 'Conheça sua carne'. Mesmo um ano antes de assistir esse breve documentário, a carne de gado, porco e frango já fora abolida do meu cardápido. Minha motivação inicial para mudar radicalmente os hábitos alimentares teve cunho espiritual, mas após assistir em resumidos dez minutos o que esses animais sofrem durante a vida estou cada vez mais convencida que optei corretamente.

O vídeo foi produzido por norte-americanos, mas não exclui a possibilidade que em outras partes do mundo o mesmo processo aconteça. A demanda de consumo da carne e a ganância dos que detêm sua produção nos permite deduzir que outras empresas sigam o mesmo padrão de criação e abate. A produção em larga escala, seja qual for o produto, gera um inevitável disperdício. Só nos Estados Unidos, cerca de 25% dos suínos morrem vítimas de maus-tratos antes mesmo de chegar aos abatedouros. A informação foi fornecida pelo próprio fabricante, mas a estatística real pode ser bem maior.

Assim como o animal, o homem também sofre os efeitos das fazendas industriais. O profissional contratado para abater os animais geralmente aposenta-se por insalubridade antes do tempo. Entende-se por isalubre o trabalho que pode causar doenças pelo tipo de atividade desenvolvida, tempo de exposição e intensidade. Muitos desses trabalhadores matam diariamente centenas de animais e após alguns anos nessa função apresentam problemas psicológicos, psiquiátricos e alguns casos mais sérios que beiram à loucura.

O consumidor também está entre os prejudicados. O mesmo vídeo citado acima delata o Ministério da Agricultura Norte-Americano, que concede certificado de alimento puro para carne de animais com lesões cancerosas e ferimentos com pus. Sendo assim, não há motivação para investir em tratamento e melhores condições de criação para esses animais. O destino de grande parte da carne proveniente das estressadas vacas produtoras de leite, por exemplo, é o popular hamburger facilmente encontrado nas esquina do mundo inteiro. Segundo especialistas, quando o animal sofre muito sua carne é pálida e sem sabor, servindo apenas para produção de salsicha e afins, que misturada com outros inúmeros ingredientes pode-se ler como fast food.

Estar bem consigo é estar bem com o ambiente que nos rodeia, é cuidar para que daqui alguns anos o planeta continue a fornecer gratuitamente tudo o que precisamos. A nossa preocupação deve ser em todos os setores se ainda quisermos ter o direito a uma alimentação sem riscos, a beber um copo de água pura e a surfar em oceanos despoluidos.

"A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pelo modo que seus animais são tratados". Gandhi

Assista o vídeo AQUI

Texto: Manu Scarpa (publicado em dezembro 2007)
Foto: Coluna ESTA BEM, revista JUICE #24
Arte foto: Guilherme Rosa (Gauchinho)

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