Existem vários tipos de bandeiras e com muitos significados. A bandeira vermelha que avisa quando o mar está bravo, a bandeira quadriculada que indica o vencedor de uma corrida, a bandeira nacional. Quando um esportista sobe no pódio e levanta a bandeira do Brasil, ele ergue muito mais que um pedaço de tecido. Toda uma nação e sua história estão representadas ali no simples gesto de balançar as cores do seu país.
Conta a história que os romanos foram os primeiros a confeccionar a bandeira em pano como conhecemos hoje. Antes os símbolos eram marcados em escudos ou madeira. Na Idade Média, o uso das bandeiras era a maneira de evitar que os aliados se confundissem com os inimigos, então era comum grifar cores e sinais para fazer essa identificação.
Enfim, toda bandeira tem algo para contar. Desde 1985 existe uma bandeira criada na França para proteger os ecossistemas costeiros, ou seja, as praias. O programa recebeu o nome de Bandeira Azul, e dois anos depois de sua criação atingiu toda a Europa no momento em que se comemorava o Ano do Meio Ambiente. No início do programa na França, a preocupação inicial era o tratamento de esgoto e a qualidade da água para banho. Hoje, para uma praia receber essa bandeira é preciso cumprir 29 critérios definidos pela FEE (Foundation for Environmental Education). Entre eles estão a educação ambiental, informação e sinalização de segurança aos banhistas, tratamento de esgoto, preservação da vegetação nativa e outros.
Em 2005 mais de duas mil praias em diferentes continentes já haviam conquistado essa bandeira. Países como Portugal, Bélgica, Bulgária, França, Dinamarca, Turquia e África do Sul estão entre os participante. No Brasil, o programa chegou em 2006 através do Instituto Ambiental Ratones (IAR), com sede em Florianópolis. O instituto conta com a ajuda de uma rede de Organizações Não-Governamentais para tornar possível o programa em todo país. As prefeituras e associações comunitárias também tem um papel importante nesse processo. Todos juntos devem dar subsídios para levantar essa bandeira em praias brasileiras.
Atualmente dez praias no Brasil estão em fase de testes realizando o projeto piloto para se adequarem aos critérios exigidos pela FEE. Os estados participantes são Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Por aqui, três praias da ilha foram eleitas para participar do programa: Mole, Santinho e Jurerê Internacional.
No dia 5 de abril a Praia Mole deu início aos trabalhos com uma grande mobilização da comunidade e das pessoas que frequentam o local. Várias atividades foram realizadas para conscientizar sobre a importância da preservação e limpeza da orla. Plantação de mudas de vegetação nativa, multirão para recolher o microlixo deixado na areia - como bitucas de cigarro, lixo que a prefeitura não consegue limpar -, conserto de cercas, exposição arqueológica e entretenimento com o show das bandas locais John Bala Jones, Dazaranha entre outras. O evento só foi possível porque todos os envolvidos realizaram trabalhos voluntários por acreditarem que este é o caminho para manter e melhorar a qualidade da natureza. Foi dada a largada para a conquista da Bandeira Azul e foi apenas o primeiro passo de um processo que levará um ano até que a praia e os comerciantes estejam enquadrados em todos os critérios.
Assim como todas as bandeiras, quando você avistar o símbolo do programa Bandeira Azul hasteado em alguma praia brasileira, automaticamente vai saber que ali existe uma avaliação anual de qualidade. O simples pedaço de pano tem o poder de significar que naquela praias as pessoas estão em constante cuidado com o meio ambiente.
Publicado na revista JUICE, n27
texto Manu Scarpa
foto capa Marianna Piccoli
surfista Yuri Castro
arte capa Guilherme Rosa
arte bandeiras Manu Scarpa
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