segunda-feira, 20 de outubro de 2008

expresso :: revista JUICE 29

Nada melhor que aprender na prática sobre geografia, história, português e outras disciplinas obrigatórias do currículo escolar. Para tornar essa experiência possível, os alunos da Escola Básica Municipal Prefeito Acácio Garibaldi, em Florianópolis, viajaram através das páginas de revistas de surf. A idéia partiu dos próprios alunos quando foram questionados pela professora Tereza Lucio Barcellos sobre o tema que gostariam de explorar e aprofundar os conhecimentos.

O surf apareceu em primeiro lugar e durante um mês os estudantes utilizaram como fonte de pesquisa as revistas e também a Internet para desenvolver o trabalho chamado Tudo sobre Surf. Como e onde surgiu, as melhores ondas ao redor do mundo, surfistas famosos, os diferentes tipos de prancha para diferentes tipos de ondas, etc.

O surf cresceu como esporte e com isso a cobertura da mídia e a produção de novas revistas também. Cada vez mais são elaboradas reportagens recheadas de curiosidades sobre lugares onde antes nem se imaginava ouvir falar sobre a existência de ondas. Através das páginas de uma revista o leitor é capaz de fazer longas viagens, aprender sobre a história e a cultura dos locais abordados e até mesmo melhorar o vocabulário e a gramática.

Foi pensando nisso, que a professora Tereza – carinhosamente conhecida como Teka – reuniu revistas de surf doadas pela comunidade para ganhar a atenção dos alunos através da união entre prazer e estudo. Além de estimular os jovens na prática esportiva, já que a escola fica bem próxima da praia da Barra da Lagoa, onde rola boas ondas na combinação de vento sul e ondulação de leste.

Vinte e dois adolescentes entre 14 e 17 anos participaram das pesquisas, confeccionaram cartazes e apresentaram o resultado final em uma exposição para familiares e amigos. Os alunos fazem parte do projeto TOPAS, sigla para Todos Podem Aprender Sempre. A intenção é reunir em uma só turma jovens que contabilizam até três repetências no ensino fundamental e no período de um ano prepará-los para encarar o ensino médio. São nove horas diárias na escola e, por isso, a importância em desenvolver práticas educacionais além dos muros da instituição. Em outros momentos os alunos visitaram o Projeto Tamar (preservação das tartarugas marinhas), realizaram trilhas ecológicas, mutirão para retirar RG e CPF, entre outras atividades.

Existem vários caminhos para se fazer a mesma coisa e a professora Teka, em parceria com a coordenadora do projeto TOPAS e orientadora da escola, Angelina Lottermann, escolheram a melhor maneira de estimular os adolescentes. Essa é a essência!





Texto publicado na revista JUICE #29
Por Manu Scarpa
Fotos Marianna Piccoli
Arte blog Manu Scarpa
Arte capa Guilherme Rosa
Produção emotionsurf.com
Realização JUICE

terça-feira, 14 de outubro de 2008

suquinho básico :: juice 29

Atenção senhores passageiros: apertem os cintos que o desembarque da revista JUICE será realizado no portão 29. Retire a sua agora mesmo nas melhores surfshops e surfpoints da sua cidade (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná).

Pode parecer brincadeira, mas esta edição voou alto para trazer a matéria JUICE Internacional com surftrips pelo México, Austrália e Indonésia. Seus personagens contam experiências e apresentam fotos que instigam o leitor a correr atrás da onda dos sonhos.

Stewson Crippa estampa a capa arregaçando no Sul de Santa Catarina entre as 1001 Barcas. O click é de Leandro Barsocchini. O fotógrafo Ismael Passos produziu altas fotos no north shore de Floripa e tem também uma barca para São Francisco do Sul nos bastidores do WQS.

Nadine Marques enfeita a revista como Garota Juice em um editorial aguardado por homens e mulheres com roupas iradas da coleção primavera/verão. Samuel Schmidt traz a cobertura da festa de lançamento da edição passada, com muito bom humor.

E para fechar, uma visão clássica do surf moderno na matéria O Clássico do Surf, com fotos Sérgio Flores. Viu só? Isso que eu nem comecei a falar...



Foto: capa revista JUICE 29 (Leandro Barsocchini)
Arte: Guilherme Rosa
Texto: Manu Scarpa

sábado, 4 de outubro de 2008

NUZOUVIDO :: revista JUICE

::Surf e rap na telona
Filme Subfoco une música brasileira e grandes nomes do surf nacional



Para quem gosta de Rap, o filme é um prato cheio. Para os menos simpatizantes, uma boa oportunidade de apreciar e conhecer esse estilo musical produzido nas periferias. Pela primeira vez um filme de surf traz a trilha sonora de ponta a ponta com o melhor do rap nacional. Nomes como MV Bill, RZO, Função RHK e Xis fazem parte das mixagens que acompanham as bombas filmadas ao redor do mundo. A idéia dessa mistura surgiu entre amigos, mas quem bateu o martelo foi o videomaker e diretor Luiz Eduardo Pavão (Duda). Quem deu vida a essa criação foi Dj Cia, produtor musical que há mais de 15 anos representa o rap nacional nas pistas. De passagem por Floripa, a revista Juice conversou com ele e a entrevista você confere agora.

Como você conheceu o Duda e como surgiu essa parceria?

Dj Cia: O Duda eu conheci através de um amigo que trabalha com a gente. Eles se encontraram numa festa em São Paulo, conversaram nos bastidores e o Duda comentou que estava fazendo um filme sobre surf e procurava alguém para colocar uma trilha. Então ele nos apresentou.

Como que você definiria o estilo musical do filme que prioriza o rap nacional?

Dj Cia: O Duda mostrou as imagens, tinham umas cenas de surf mais agressivo e aí ele me dava uns toques do que ele imaginava e eu mostrava os sons que eu achava que combinavam. A gente entrou em sintonia e fomos montando a trilha juntos. Rolou super bem, foi uma grande parceria. Outros filmes de surf já usaram o rap nacional na trilha sonora, mas esse trabalho é o único que prioriza esse estilo musical. Tive a preocupação de usar músicas com letras relacionadas ao surf, que contam uma história, que falam do sul, de mulher, do cara ser guerreiro, porque no esporte o cara tem que ser guerreiro, tem que se dedicar. E o rap tem muito isso de passar mensagem através das letras, para a pessoa estudar, praticar esporte, ficar longe do que é errado.


O filme não tem um minuto de silêncio, como você explica essa idéia?

Dj Cia: A idéia foi do Duda, mas eu sempre quis fazer isso em outros meios em que a música rola. No surf todo mundo curte som e é bem antenado, por isso quando apareceu a idéia eu achei maravilhoso. Era a oportunidade de mostrar que o rap se encaixa em qualquer trilha sonora, com qualquer parada. Como acontece nos Estados Unidos, que você encontra bastante trilha de hip hop nos comerciais e filmes. No Brasil isso ainda é um pouco devagar, o pessoal ainda tem um pouco de preconceito.

Qual teu contato com o surf?

Dj Cia: Eu conheço vários surfistas, tenho vindo muito para o sul. Eu só não sei nadar, mas admiro todos os esportes dentro da água. Acho que a gente que trabalha com música precisa ter envolvimento com pessoas de todos os tipos. Porque as pessoas querem ouvir música e a gente quer mostrar o nosso trabalho. Eu que sou produtor preciso dessa exposição, por isso a maior parte das músicas que coloquei no filme fui eu que produzi, tanto aqui no Brasil como lá fora.

Você já tinha feito algum trabalho parecido com esse?

Dj Cia: Eu fiz um trabalho parecido para uma marca de óculos bem conhecida. Tinha muitos sons instrumentais e coloquei mais músicas gringas. Foi mais curto também, não como esse que produzi para o Duda, com essa sintonia, mais louco, por a gente ter feito junto, ter batido as idéias.


Como foi o processo de criação dessa trilha? Quanto tempo levou?

Dj Cia: As músicas eu já tinha. Demorou uma semana no máximo. Mais por causa da distância e dos horários, o Duda estava fazendo outras coisas e eu fazendo o disco.

Qual sua opinião sobre o resultado final do trabalho?

Dj Cia: Eu tenho recebido várias mensagens pela Internet e acho que quando isso acontece significa que o pessoal está gostando e que o trabalho valeu a pena. Esse retorno positivo faz expandir a idéia para outras pessoas fazerem um trabalho parecido espelhando-se na gente, com outros djs envolvidos. Que isso seja um impulso para a utilização de mais músicas brasileiras em filmes, não só o rap. A música e o esporte, por mais que as pessoas não vejam dessa maneira, atraem multidões e poderiam ser usados para mandar mensagens positivas de cuidado com a natureza, voto consciente, levar a sério os estudos.


A difusão do rap nacional se deve muito ao seu trabalho de Dj. O que o filme trouxe pro rap?


Dj Cia: Eu sou do RZO, eu gosto de rap nacional e eu produzo esse tipo de som. Então eu tenho que pensar que se eu quero difundir a música nacional – e por conseqüência, o meu trabalho – não adianta tocar sons gringos como 50th Cents, 2Pac, Notorious. Por mais que eu goste do som, não vou alcançar o meu objetivo. A idéia é fazer a música nacional estar em diferentes segmentos, porque isso só vai trazer retorno positivo para o movimento do rap e também para o meu trabalho de Dj. O filme fez a ponte entre o rap e o surf para as pessoas que não conhecem o esporte e nem imaginavam o que era pegar uma onda no nível que os surfistas apresentam hoje em dia. Então surge uma ligação entre eles que não havia antes. A associação com manobras do skate, por exemplo. E o contrário também se encaixa, levar o rap para a galera do surf que não conhecia e, por isso, não entendia o rap. Eu espero que os caras do surf tenham essa mesma visão, que essa troca de experiências e informações é crescimento. Às vezes tem manobra de um determinado esporte que eu penso em adaptar nos toca discos, tento produzir um som para representar aquele efeito, como por exemplo o som da onda “tchuáááá”, ta ligado? É um scratch, é louco!

Você anda de skate?

Dj Cia: Não. Meu pai é Dj (Dj Alemão) e eu comecei a tocar com 13 anos, para isso precisei me dedicar. Então me dediquei. Sou 24 horas toca discos, mais nada. Até gostaria de aprender, mas eu não posso me arriscar. Já imaginou levar um tombo, ficar com o braço engessado e não poder tocar?

VIDEO
Entrevista com o diretor do filme SUBFOCO, Duda (Luiz Eduardo Pavão);
Trechos do filme - trilha sonora DJ CIA;
imagens do filme SUBFOCO PRODUÇÕES;
imagens entrevista - Marianna Piccoli





Texto publicado na revista juice #28
por Manu Scarpa
fotos Marianna Piccoli
arte Paulinho Juice
frames Subfoco Produções
produçao matéria e vídeo EMOTIONSURF.COM