Publicado na revista JUICE, edição 25 (fevereiro 2008)
Estar bem com a natureza é estar consciente do impacto que cada um de nós provoca ao meio ambiente. Você faz alguma idéia de quantos planetas Terra seriam necessários para manter o seu estilo de vida? Uma organização sem fins lucrativos disponibiliza na Internet uma ferramenta que calcula aproximadamente o tamanho da sua pegada ecológica (www.myfootprint.org), ou seja, como seus hábitos do dia-a-dia prejudicam ou contribuem para um ambiente sustentável. Fazendo essa estimativa é possível dimensionar a quantidade de recursos que retiramos da natureza para atender as nossas exigências e como ela absorve os resíduos que produzimos.
Você costuma locomover-se de carro ou ônibus coletivo? Se de carro, sozinho ou acompanhado? Perguntas desse tipo fazem parte do questionário que resulta no tamanho da sua pegada ecológica. O resultado serve como um indicador de sustentabilidade, ou insustentabilidade. Devemos lembrar que não estamos sozinhos no mundo, ao contrário, dividimos o planeta com mais de 10 milhões de outros seres vivos. Alguns biólogos acreditam que para garantir essa biodiversidade seria necessário de 30 a 70% de área preservada em todo o globo. Atualmente, os parques e reservas naturais representam 3% do total. As Nações Unidas criaram em 1983 uma comissão mundial para tratar dos assuntos ligados ao meio ambiente, que ficou conhecida como Comissão Brundtland. Uma das tentativas desse grupo foi aumentar essa área de preservação para 12%, ainda que não seja o suficiente.
A ONG responsável por este material na Internet chama-se Earth Day Network e a sede está localizada em Seattle (Washington EUA), mas o trabalho da equipe se estende pelo mundo todo. São mais de cinco mil organizações distribuídas em 184 países coordenados por Gaylord Nelson e Denis Hayes, que em 1970 criaram o 1º Dia da Terra (Earth Day), comemorado até hoje no dia 22 de abril.
É no cotidiano das pessoas que esta organização pretende modificar o atual quadro ambiental do nosso planeta. Pequenas ações têm grande interferência para o atraso na degradação do meio ambiente, porque deixamos de retirar recursos da natureza para reutilizar aquilo que foi extraído anteriormente. De uma caixa de leite longa vida podemos obter papel, plástico e alumínio para produzir novas caixas de papelão, canetas e materiais para construção civil, respectivamente.
Outro bom exemplo é o óleo de cozinha. Já existe tecnologia capaz de transformar em biodiesel o óleo usado para frituras. Atualmente, cerca de 20 usinas brasileiras já utilizam esse combustível ecológico, que chega a emitir 40% menos gases de efeito estufa comparado com o diesel produzido pelo petróleo. Se essa informação não atinge a consciência, vai atingir o bolso do consumidor. Enquanto o diesel comum custa R$ 1,80 por litro, o biodiesel sai por menos de um real. Lembrando que apenas uma gota de óleo é capaz de poluir um milhão de litros de água. Pense bem antes de jogar o óleo de cozinha pelo ralo.
Provavelmente tudo que está escrito acima não é nenhuma novidade e todos nós sabemos que estamos em débito com a Mãe Natureza. Por isso, vale a pena descobrir o tamanho da sua pegada ecológica e mudar os hábitos para que a nossa fonte de recursos nunca se esgote.
Texto: Manu Scarpa
Foto: Clarissa Caterina